Vaquejadas atraem público e mantêm tradição em todo o Estado

O chapéu, com abas bem marcadas, esconde os traços da convivência com a terra seca e o sol castigante, mas ostenta respeito e orgulho. A cela, sob o cavalo, é seu alicerce, segurança que se junta a habilidade e coragem deixando para trás poeira, lembranças e saudade de casa, para encontrar, 120 metros à frente, um sonho: ser campeão. Sob os olhos ávidos da torcida, ele pede proteção divina e toma a pista em busca do seu alvo. Eis o cenário de uma vaquejada, a arte que, inegavelmente, se tornou uma das tradições mais fortes da cultura popular nordestina e, claro, da paraibana.

No entanto, além de mantenedora da cultura e tradição nordestina, com o tempo a vaquejada passou a ser encarada também como um grande negócio, impulsionando a economia em torno do segmento. Atualmente, seja em circuitos profissionais ou amadores, com grande estrutura ou feita de forma simples, o esporte conquista um número cada vez maior de adeptos e espectadores.

A avaliação do presidente da Federação de Vaquejadas da Paraíba (Fevap), Arthur Freire, é de que a tradição já se consagrou como um esporte. “Há vários anos a vaquejada está em total crescimento. Já passamos por mudanças, regulamentações, e vemos que tem muita gente nova entrando no ramo. Mudou também o estilo de festa, é uma festa da família, passada de geração a geração e por isso cada vez mais ganha destaque.”

Segundo Artur, o 'mundo' das vaquejadas movimenta um grande contexto social e econômico, de trabalhadores, amantes do esporte, espectadores e curiosos. Cada campeonato conta com a participação de aproximadamente mil duplas de bate-esteira e puxador, dentre as categorias aspirante, amadora e profissional. “Muita gente vive de vaquejadas, ou em torno desses eventos. Para mim, é o esporte mais importante da nossa região e que movimenta maior fluxo de dinheiro, até mais que o futebol”, pontuou.

Em janeiro desse ano, a Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou uma lei reconhecendo a prática como atividade esportiva no Estado. Com isso, campeonatos e disputas que o esporte oferece podem ser realizadas de forma legalizada, o que tem facilitado a realização dos eventos.

E assim como o esporte e seus amantes, multiplicam-­se também cada vez mais os parques de vaquejada. Conforme o presidente da Fevap, os estados onde hoje se concentram o maior número de parques de vaquejada são a Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Na Paraíba, a entidade calcula que existam em torno de 110 parques de vaquejada que, juntos, realizam de 150 a 200 campeonatos a cada ano, com premiações entre R$ 10 mil e R$ 200 mil.

Alguns parques são referência regional e até nacional, com destaque para o BeMais, que fica na cidade de São Miguel de Taipu, a 30 quilômetros de João Pessoa. O local foi eleito por uma revista especializada, como o melhor parque de vaquejada do Brasil por dois anos consecutivos (2013 e 2014). O parque BeMais é também o que oferece a maior premiação para os vencedores, que em 2014 foi de R$ 180 mil.

Há também vaquejadas que, além de tradição e cultura, carregam história. Esse é o caso do evento realizado no Parque Maria da Luz, em Campina Grande, a vaquejada mais antiga da Paraíba. São 38 anos de alegria e derrubada de boi, festa que aconteceu novamente neste fim de semana, com shows e oferecendo uma premiação de R$ 120 mil.