Volta às aulas: crianças podem ter dificuldades durante processo de adaptação escolar

O período de volta às aulas costuma ser de preocupação para os pais. Afinal, o reajuste de matrículas, a compra de material escolar e a escolha do colégio costumam ser suficientes para mantê-los ocupados durante os meses de janeiro e fevereiro. Mas, além de tudo isso, é importante prestar atenção em um outro fator após o início das aulas: a adaptação da criança ao ambiente escolar.

A facilidade de adaptação – ou não – varia de acordo com a personalidade da criança. Mas o que é consenso entre especialistas é que, independente do caso, os pais devem ficar atentos e acompanhar de perto os primeiros meses dos filhos na escola – principalmente nos casos em que a criança está estudando pela primeira vez ou frequentando um novo colégio. "A criança sairá da sua zona de conforto e proteção para algo novo e misterioso", explica a psicóloga Lívia Vieira de Melo. "Os pais precisam agir com muita paciência e estabelecer diálogo constante", afirma.

Para a gerente de marketing Renata Reis, a ida da filha de 2 anos para a escola foi um processo problemático. "Ela estranhava muito as professoras e os colegas e não conseguia se enturmar", afirma. "Eu ficava com o coração na mão sempre que precisava deixá-la na escola. Ela chorava muito", conta.

Segundo ela, a filha foi aos poucos se adaptando ao novo ambiente com a ajuda dos professores e de um psicopedagogo da escola. "Não foi fácil, mas ela foi lentamente se enturmando com os colegas e passando a confiar nas professoras", diz Renata Reis.

De acordo com pesquisa de Giselly Santos do Nascimento, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a participação ativa não apenas dos pais, mas também dos agentes escolares – professores, psicólogos, coordenadores – é essencial para que a criança se sinta confortável. Por isso, não é apenas a criança que deve adaptar-se à escola; o inverso também deve ocorrer.

"A adaptação é um processo que acontece tanto com a criança quanto com o professor, que deve estar preparado para recebê-la; e com a escola, que deve estar preparada para acolher a criança e buscar maneiras para que ela possa inserir-se no novo ambiente com melhor envolvimento", considera a pesquisadora.

Pais devem controlar a própria ansiedade

A dificuldade de adaptação das crianças não é o único problema que pode surgir no início da vida escolar. Em muitos casos, enquanto os filhos se adaptam perfeitamente à mudança de ambiente, os próprios pais acabam se preocupando em excesso.

"Eu acho que a mãe pode ficar mais apavorada do que a própria criança", diz a publicitária Renata Mattos, cujo filho de 1 ano e 8 meses vai passar do berçário que frequentava desde os 7 meses de idade para uma escola maior. Segundo ela, o filho se ajustou bem à escola e fez amigos com facilidade, mas a preocupação materna não abrandou por um tempo. "Conversei muito com a coordenadora da escola, conversei com auxiliar de sala, e eles me tranquilizaram e explicaram que várias crianças se adaptam muito rápido", diz.

Para a psicóloga Lívia Melo, essa é uma situação muito comum, mas que pode ser contornada ou amenizada através de medidas que reforcem o fato de que o filho está em segurança. "Os responsáveis podem pesquisar as escolas antes de matricular seus filhos, se possível levar a criança para conhecer o ambiente ainda em ano letivo, e conversar e orientar os profissionais da escola quanto às peculiaridades da criança", diz. "Os pais precisam interiorizar que estão fazendo o bem para os pequenos e que isso é um processo natural do desenvolvimento", conclui.