VIDA URBANA
'Voluntárias' faz 59 anos
Clube reúne mulheres que preparam kits variados para doas às pessoas carentes.
Publicado em 02/09/2012 às 15:23
Usar o tempo livre para desenvolver um trabalho social que transforma e valoriza o próximo. Com este conceito de solidariedade, mulheres com idades que variam de 60 a 90 participam do Clube das Voluntárias em João Pessoa. A entidade sem fins lucrativos chega aos 59 anos de fundação neste mês de setembro deste ano e conta com cerca de 40 voluntárias.
Na sede da entidade, que fica na avenida João Machado, no Centro, na capital, de segunda-feira a quarta-feira, as mulheres se reúnem para preparar o material para doação. São kits para gestantes carentes, lençóis para idosos que vivem em abrigos e em hospitais filantrópicos, além do preparo de cestas básicas para doação. Os trabalhos em bordado, pintura e crochê que são confeccionados pelas voluntárias ajudam a angariar recursos para manter as doações.
As voluntárias esbanjam alegria e entusiasmo e em rodas de amigas fazem as atividades com dedicação. Cada voluntária se responsabiliza por uma determinada tarefa e prepara os produtos com o carinho de quem se habilita ao voluntariado.
O Clube das Voluntárias foi fundado pelo então governador José Américo de Almeida, em 1953. Na ocasião, a esposa dele, Anna Alice Mello de Almeida, ficou à frente da entidade. Passados quase 59 anos, a atual presidente é Maria Vitória da Aliança Barreto Paiva, 81. Ela está na entidade desde 1972.
Ao recordar a chegada à entidade há quatro décadas, Aliança lembra que as mãos que a conduziram ao Clube das Voluntárias foi de uma parente que já integrava o grupo na cidade de Areia.
“Naquela época, havia núcleos do Clube das Voluntárias em cidades do interior do Estado. Em Areia, Ingá, Sapé e Mamanguape as mulheres participavam do Clube e minha madrinha que morava em Areia foi quem me levou. Entrei como voluntária simples e desde então sigo participando das atividades, mas agora na capital”, relatou.
A voluntária Leônia Leão Borges, 68 anos, que atualmente é secretária do Clube também foi apresentada ao grupo por pessoas queridas. “A sogra de minha filha já realizava o trabalho de ajuda a quem precisa e foi quem me levou ao Clube”, contou.
Confessando que ao ingressar já estava com os quatro filhos casados e bem estruturados na vida profissional, ela alimentava o sonho de fazer trabalhos sociais. “Achava que tinha de fazer algo pelos outros. Já tinha feito minha parte em relação à minha família, faltava ainda trabalhar e ajudar quem mais precisa de ajuda”, contou.
Em julho de 2000, Leônia se juntou ao grupo de voluntárias e não largou mais o trabalho. “É muito bom ver todas aquelas mulheres que poderiam estar em casa cuidando apenas dos netos, se dedicarem ao voluntariado”, opinou.
Atualmente, as Voluntárias, como é popularmente conhecida a entidade, atende a comunidades pobres com a doação de cerca de 30 enxovais por mês, ou seja, quase 400 ao ano, além da distribuição de uma sopa para 50 idosos carentes, todas as quartas-feiras.
“Os enxovais são confeccionados pelas próprias voluntárias, que são em torno de 40. A maioria faz crochê, tricô, borda e costura, o que facilita a confecção dos enxovais. A entrega é feita para gestantes que a partir do sétimo mês de gravidez vão ao Clube receber a doação na hora. Acrescentando ainda que “esse é um trabalho gratificante e nos dedicamos totalmente”, complementou Aliança Barreto Paiva.
Ela ainda destacou que as principais festas do ano também são comemoradas. “Realizamos a festa do Dia das Mães, dos Pais, a Páscoa, o São João e o Natal. Para angariar recursos, fazemos a feira da pechincha, duas vezes ao ano, vendemos os trabalhos confeccionados pelas voluntárias ou tiramos do próprio bolso”, declarou.
No mês de aniversário, as voluntárias se empenham em finalizar a confecção de lençóis para entregar a hospitais e entidades filantrópicas a exemplo do Hospital Padre Zé, Casa das Vicentinas, em João Pessoa, e Fazenda da Esperança, em Alhandra. A doação é de duas dúzias de lençóis por entidade.
O Clube das Voluntárias não recebe verba pública e todos os recursos conseguidos são de doações das próprias integrantes. A única fonte de renda mais constante vem do aluguel do salão para festas.
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