Xilogravuras e temas populares

Através da arte de gravar em madeira, a xilogravura, o artista plástico Josafá de Orós se inspira em temas populares para produzir trabalhos relacionados a Campina Grande. Em homenagem ao aniversário da cidade, o artista selecionou alguns trabalhos que remetem às feiras da Prata e a Central, consideradas para ele como “lugares de encontro para bater papo; lugar onde se encontra de tudo e onde a arte popular se expressa”.

Sob um clima agradável e uma paisagem de Campina Grande vista do alto da serra, Josafá de Orós escolheu o sítio onde ele está morando atualmente, em Lagoa Seca, para continuar a produzir gravuras. “O que mais defendo é que a xilogravura, arte que atravessa séculos, precisa ser recuperada e ter o devido reconhecimento como expressão e linguagem do nosso povo”, afirmou.

Entre o rústico e o moderno, a casa de Josafá reflete o seu trabalho já no alpendre, onde estão expostas várias gravuras e esculturas que remetem ao que Campina Grande e a Paraíba mais lhe inspiram, como personalidades que tiveram destaque na cultura. Adentrando a residência, encontramos um local que “respira arte”, como a coleção de mais de mil vinis; gravuras e pinturas das mais diversas; uma estante com livros; e um modelo antigo de telefone.

Para Josafá de Orós, trabalhar e resgatar a arte é uma forma de resistência, “pois precisamos atentar para certos valores, em respeito àquilo que formou nossa cultura”. Hoje em dia, segundo o artista plástico, muitos gravadores nordestino, assim como ele, atendem demandas por ilustração vindas do cordel ou de outros tipos de edições impressas (livros, catálogos, filmes, etc), e vendem suas gravuras soltas, tendo inclusive um público consumidor em galerias brasileiras e no exterior.

Josafá de Orós

O artista plástico Josafá Paulino de Lima, mais conhecido por Josafá de Orós, em referência à cidade onde nasceu no estado do Ceará, em 1965, mora em Campina Grande desde 1970, e possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

No campo artístico tem trabalhado com pesquisa, produção e exposições principalmente em xilogravura. Tem realizado curadorias de mostras, crítica de arte, além de já ter coordenado eventos e festivais de Campina Grande e elaborado projetos artísticos para leis de incentivo à cultura.

Além da técnica de xilogravura que desenvolve, Josafá de Orós também atua na literatura e já escreveu uma crônica para o livro 'Homenagem ao centenário de nascimento do escritor Jorge Amado - 1912-2012', lançado na bienal internacional do livro em São Paulo.