COTIDIANO
Violência faz moradores de alguns bairros deixarem de ir até a igreja
Em Mandacaru, onde os índices de criminalidade são altíssimos, tem gente que não sai mais de casa nem para ir ao mercadinho.
Publicado em 07/08/2015 às 8:14
A sensação de insegurança no bairro de Mandacaru, em João Pessoa, é cada vez mais crescente entre a população. Temerosos, muitos mudam a rotina, deixam de ir a mercadinhos e até a igrejas com medo de se tornar mais um número na estatística da violência no bairro. Segundo moradores, nem mesmo dentro de casa é possível estar seguro.
Os relatos se justificam quando acontecem casos semelhantes ao da doméstica Marinete da Silva Freire, 66 anos, que no último sábado estava no quarto de casa lendo a Bíblia quando ouviu um barulho no lado de fora e se levantou. Ao chegar à sala, ela foi atingida por uma bala perdida disparada durante confronto entre assaltantes e policiais militares. Marinete ainda foi socorrida pela polícia para o Hospital de Trauma da capital, mas morreu na manhã do domingo.
É por situações como essa que a aposentada Rita Andrade, 75 anos, disse viver apreensiva e com medo de sair de casa. “A situação está tão crítica que faz medo ficar na parada de ônibus. Já deixei de ir ao mercadinho, à padaria e até à igreja temendo acontecer o pior”, relatou.
Já o embalador Romário Silva, 24 anos, disse que, como todo jovem, gostaria poder conversar na rua com os amigos, mas que tem o direito impedido pela violência em Mandacaru. “Evito sair à noite e ficar nas esquinas porque a qualquer momento pode haver um tiroteio e vitimar quem não tem nada a ver com a situação”, lamentou.
Para os moradores do bairro, algumas localidades são as mais críticas, como o beco de Zé Borges, Porto de João Tota e Beira Molhada, entre outras áreas mais carentes, onde, de acordo com populares, há constantes rixas entre grupos que resultam em tiroteios e balas perdidas.
O comandante da Unidade de Polícia Solidária (UPS) do local, capitão Estevão Sabino, reconheceu que Mandacaru é um dos bairros mais violentos do Estado, mas garantiu que o policiamento tem sido reforçado desde o início deste ano. “Esse bairro tem concentrado muitos criminosos nos últimos tempos, o que tem motivado grande parte das mortes, que geralmente são de pessoas envolvidas com a criminalidade. Vítimas inocentes e de bala perdida são exceções. Apesar disso, o policiamento continuará sendo reforçado como tem sido feito desde o início do ano”, disse.
De acordo com o capitão, embora tenham ocorrido casos de violência recentemente no bairro, o empenho da Polícia Militar na prevenção e repressão de crimes já teve resultados positivos, como a redução de aproximadamente 18% dos homicídios, apenas no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
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