COTIDIANO
Você sabe como surgiram as quadrilhas e as roupas juninas?
Coluna deste sábado da jornalista Adga Aquino explica como surgiram as quadrilhas juninas e o significado das roupas decorativas.
Publicado em 27/06/2009 às 8:02 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:39
Adga Aquino*, especial para o Paraíba1
Que tal aproveitar os últimos dias de São João para colocar uma roupa tipicamente junina? Isso mesmo, fita no cabelo, saia de chita e chapéu. Dependendo do lugar da comemoração, esse figurino fácil de arrumar pode ser o charme da festa, principalmente se ela for em casa de amigos ou em festas realmente típicas. E não pense que isso é opção só para as crianças não, se caprichar no charme e na alegria, encarar um figurino junino fica bem em qualquer idade.
Outra boa opção de lazer dessa época é ir assistir às apresentações das quadrilhas juninas, sejam elas as tradicionais ou estilizadas. Uma festa para os olhos e para os ouvidos. Mas você sabe como as roupas de São João surgiram e qual a diferença entre o figurino das quadrilhas tradicionais e as estilizadas? Para responder a essas perguntas a gente tem que voltar dois séculos no tempo.
As quadrilhas vieram para o Brasil com a família real portuguesa, em 1808. Era uma dança de salão nobre, surgida na França, com roupas pomposas, perucas, anáguas e tudo mais que a moda francesa da época mandava. Chegando por aqui não demorou muito para ir para as festas do povo, mas modificada claro. A jinga dos escravos, misturada com a polca e com o forró, que surge depois de um tempo no Nordeste, deram uma cara toda brasileira à dança.
E com as roupas não podia ser diferente. Em vez de tecidos caros, sapatos de salto plataforma e perucas, vieram o chapéu por causa do sol e do trabalho no campo, a chita (ou chitão) tecido popular por essas bandas e também a sandália de couro. O comprimento dos vestidos subiu um pouco por causa do calor e as calças masculinas ganharam remendos para parecerem mais novas (já que iam para a lida da lavoura também). Do tempo do Francês só sobraram o “alavantu”, o “anarriê” e o “balance”.
E assim ficou por muito tempo até que surgissem as quadrilhas estilizadas, estimuladas pelo grande negócio em que as festas de São João do Nordeste se tornaram, ganhando o profissionalismo de escolas de samba no período do carnaval. As chitas deram a vez a tecidos nobres, bordados chiques, brilhos e plumas.
Vestidos que custam uma verdadeira fortuna e levam o ano inteiro para serem fabricados, uma verdadeira reinvenção da tradição, que mesmo sem os velhos “alavantus” e “anarriês” continua sendo brilho para os olhos e alegria para os corações nordestinos.
* Agda Aquino é jornalista formada pela UFPB com formação em Desing de Moda. Fez especialização pela Universidade Potiguar, onde pesquisou a relação da moda com a comunicação e com a credibilidade. É mestranda em Estudos da Mídia pela UFRN, onde estuda a moda utilizada pelo jornalista de televisão.
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