COTIDIANO
Warao na Paraíba: Três crianças indígenas morreram por causas evitáveis em 2025
Segundo Secretaria de Saúde, população warao enfrenta dificuldades no acesso a vacinação, pré-natal e tratamento de doenças como o câncer.
Publicado em 03/05/2025 às 7:13

Três crianças Warao, etnia indígena de origem venezuelana, morreram por causas evitáveis entre janeiro e abril de 2025, em João Pessoa. Também foi registrada a morte de um adulto por complicações oncológicas no mesmo período. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde da Paraíba (SES-PB).
De acordo com a SES, as causas da morte dos óbitos registrados no período variam:
- 28/01 - Criança do sexo masculino, 10 meses | Causa do óbito: broncoaspiração;
- 24/02 - Adulto do sexo feminino, 45 anos | Causa do óbito: câncer bucal;
- 11/03 - Lactente do sexo feminino, três meses | Causa do óbito: choque séptico;
- 28/04 - Criança do sexo feminino, 1 ano e dois meses | Causa do óbito: em investigação.
O atendimento à saúde dessa população é realizado por meio de visitas aos abrigos pelo município de João Pessoa, promovidas pelo Núcleo de Atenção ao Indígena no Espaço Urbano (NAIURB), com apoio da SES.
Segundo o órgão, atualmente mais de 700 indígenas warao vivem na Paraíba, incluindo crianças, adultos, idosos, gestantes e mulheres no pós-parto. A secretaria ressalta que, por conta da diversidade cultural, existem dificuldades no acompanhamento de ações de saúde como atualização das cadernetas de vacinação, realização de pré-natal e tratamento de doenças mais complexas, como o câncer.
A SES também informou que os atendimentos sociais são coordenados pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano, com suporte de antropólogos e equipes responsáveis por fazer a ponte entre os indígenas e os serviços de saúde.
Além disso, o órgão destaca a realização de ações educativas e iniciativas de integração social e atenção à saúde, em colaboração com outras instituições. Essas atividades alcançam os sete abrigos e os treze líderes indígenas (caciques) localizados na capital paraibana.
Mortes de crianças warao
Um bebê indígena da etnia warao, de origem venezuelana, morreu nesta segunda-feira (28) após ser internado com sinais de desnutrição, lesões corporais e infecção generalizada.
O bebê tinha um ano e dois meses de vida, e morava no abrigo Vila do Lula, no bairro do Roger. O bebê foi levado ao Hospital Arlinda Marques na noite deste domingo (27), mas não resistiu e morreu.
O corpo do bebê indígena Warao apresentava queimaduras e infecções fúngicas, apontou a necropsia. Os sinais foram comprovados pela análise realizada pelo Instituto de Medicina Legal (IML).
De acordo com Flávio Fabres, chefe do IML, a necropsia no corpo do bebê indígena também confirmou sinais de negligência e maus-tratos. A causa da morte foi uma infecção no pulmão que evoluiu para uma infecção generalizada.
Em março de 2025, uma bebê indígena de dois meses de vida, também da etnia warao, morreu apresentando um quadro grave de infecção generalizada e lesões na pele. A princípio, a Secretaria de Estado da Saúde investigava como um caso de meningite, mas a suspeita não foi confirmada.
Oito indígenas com leptospirose em abrigo

Um abrigo de indígenas venezuelanos da etnia warao, localizado no Centro de João Pessoa, também está sob suspeita de um surto de leptospirose. A denúncia partiu dos próprios moradores do abrigo, que relatam condições sanitárias extremamente precárias, superlotação e casos crescentes de doenças infecciosas.
Desse quantitativo, oito casos de leptospirose e três de dengue foram confirmados. O Departamento Municipal de Saúde para Imigrantes e Refugiados também informou que as três crianças que positivaram para leptospirose concluíram o tratamento.
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