Como cantou o.saudoso Sabotage, “o rap é compromisso, não é viagem”. Mas que compromisso seria esse? Podemos dizer que é o de ser voz do negro.
E neste compromisso está inserido o questionamento de problemas sociais. A luta contra o racismo e a revolta contra as desigualdades e a violência são temas que vêm desde a gênese do rap, mas que continuam no foco, pois as situações persistem. Mas é claro que o rap também fala de conquistas, da afirmação e da valorização da identidade negra.
Para marcar o Dia da Consciência Negra, celebrado neste domingo, 20 de novembro, o JORNAL DA PARAÌBA, traz uma lista de raps. Músicas que mostram o que é ser negro no Brasil.
Voz ativa (Dexter, Djonga e Coruja BC1)
A lista começa com uma música dos Racionais MCs, mas em outras vozes. ‘Voz Ativa’ é de 1992 e foi regravada por Dexter, em parceria com Djonga e Coruja BC1, em 2020, justamente para mostrar que apesar do passar do tempo, muita coisa ainda precisa mudar.
A música fala de como fugir da opressão racista, levanta a autoestima dos negros e defende a união dos negros, invocando nomes de líderes como Nelson Mandela e Malcolm X.
Mais da metade do país é negra e se esquece
Que tem acesso apenas ao resto que ele oferece
Tão pouco pra tanta gente, tanta gente
Tanta gente na mão de tão poucos, pode crer
Carta à Mãe África (GOG)
Clássico de GOG, ‘Carta à Mãe África’ relata em versos emocionantes a situação dos filhos do continente africano que vivem no Brasil . Ressaltando que algumas situações são as mesmas da época da escravidão, com novos nomes ou formatos.
As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora…
Evoluiram para a prisão da mente agora Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual Continua caso raro ascensão social Tudo igual, só que de maneira diferente A trapaça mudou de cara, segue impunemente As senzalas são as anti-salas das delegacias Corredores lotados por seus filhos e filhas…
Boa Esperança (Emicida)
Emicida escancara a discriminação racial e social em ‘Boa Esperança’. Com versos pesados, o rapper relata que a situação de preconceito e exploração não pode mais ser suportada, uma ‘bomba relógio prestes a estourar’.
Aí, nessa equação chata, polícia mata, plow!
Médico salva? Não! Por que? Cor de ladrão Desacato invenção, maldosa intenção Cabulosa inversão, jornal distorção Meu sangue na mão dos radical cristão Transcendental questão, não choca opinião Silêncio e cara no chão, conhece? Perseguição se esquece? Tanta agressão enlouquece
Raízes (Negra Li)
Em ‘Raízes’, Negra Li fala da luta e da resistência dos negros no Brasil . A música traz a afirmação da identidade negra em contraposição ao racismo brasileiro.
Temos a cor da noite, filhos do açoite
Tipo Usain Bolt Ninguém pode alcançar E nada nos cala, já foi a Senzala Já tentaram bala Ninguém vai nos parar Filhos de Luanda, vindos de Wakanda Hoje os pretos manda ‘Cê vai ter que escutar Por mais heroína com mais melanina Tipo Jovelina Pretas são pérolas
Estereótipo (Rashid)
Uma das músicas mais didáticas sobre a situação do negro do Brasil. Em ‘Estereótipo’, Rashid cita a questão das cotas raciais, cita o fato de negros serem comumente ligados à criminalidade e ressalta que eles são também os principais alvos de violência no país. E que isso, obviamente, precisa mudar.
Querem mandar no que eu visto, querem julgar quem eu sou
Querem anular o que eu conquisto e que eu fique só com o que sobrou Pode procurar nos registro, meu, o que fazem com a nossa cor E se você é mais um tipo eu, resista, onde quer quer for
A Coisa Tá Preta (Rincon Sapiência)
Em ‘A Coisa Tá Preta’, Rincon ressignfica a a expressão de cunho racista, saindo em defesa da cultura negra, pois se “a coisa tá preta, a coisa tá boa, pode acreditar”.
Abre alas, tamo passandoPolícia no pé, tão embaçando Orgulho preto, manas e manos Garfo no crespo, tamo se armandoDe turbante ou bombetaVamo jogar, ganhar de lambreta Problema deles, não se intrometa Olha a coisa tá ficando preta
Continuação de um sonho (BK)
Música do mais recente disco de BK, ‘Continuação de um sonho’ é sobre vencer os desafios (sempre maiores para os negros). É sobre continuar a luta iniciada pelas gerações anteriores.
Imagina um atacante de frente pro gol
Poucos segundos pra acabar o jogo
Se acertar fez a obrigação, se errar vão crucificar
Ele não pode errar
É assim comigo o tempo todo
Quer ouvir mais? Confere abaixo a playlist Rap e Consciência Negra