CULTURA
A chama centenária do poeta infinito
Quer melhor dia para celebrar o centenário de Vinicius de Moraes (1913-1980) do que um sábado?
Publicado em 19/10/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:19
Quer melhor dia para celebrar o centenário de Vinicius de Moraes (1913-1980) do que um sábado? “Impossível fugir a essa dura realidade / Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios / Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas / Todos os maridos estão funcionando regulamente / Todas as mulheres estão atentas / Porque hoje é sábado”, escreveu o 'poetinha' em uma das famosas estrofes de sua Antologia Poética (1954), que ganhou eco nas vozes de Tom, Toquinho e Miúcha na abertura do disco Ao Vivo no Canecão (1977).
Homens vazios, namorados, maridos e mulheres têm um motivo a mais, neste sábado, para brindarem em bares, funcionarem regularmente e redobrarem a atenção: o poeta "da pesada, do pagode e do perdão", compositor, cronista, dramaturgo e diplomata será lembrado hoje em eventos e lançamentos (confira o box) que afagam a memória do intelectual de espírito boêmio, que trocou o ranço do academicismo pela doçura da musicalidade e tornou-se uma das figuras mais populares (e míticas!) de nossa cultura.
Quem, por exemplo, já se atreveu a duvidar, até sem saber que a frase era dele, de que "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"? Uma das líricas que melhor traduziu o amor, este sentimento tão perene mas tão inapreensível, mesmo na literatura, Vinicius firmou-se na tradição da poesia com seu apego à métrica, à rima e a formas clássicas como o soneto, sem nunca abandonar a simplicidade.
"Ninguém chegou mais perto da naturalidade", diria o crítico literário Antônio Candido no filme Vinicius (2005), que a Rede Globo exibe na madrugada da segunda para a terça-feira, na Sessão Brasil.
Talvez por sua criação, no Rio de Janeiro (que mais tarde ele cantaria em hinos como 'Garota de Ipanema') da belle époque tropical, ouvindo o violão dos tios e a música dos antigos escravos, sua versatilidade tenha cativado tanto os corações de seu tempo.
O "branco mais preto do Brasil", que trouxe Orfeu para as favelas cariocas, tornou-se também algo como uma 'lenda urbana' de nossa história. Casado nove vezes, o amante das mulheres e do uísque, que abria suas portas para tertúlias com a juventude (onde conquistou parceiros como Toquinho, certamente o filho que ele queria ter) morreu em uma manhã de 1980, deixando mais de 400 poemas, 12 livros publicados e várias antologias pessoais. Tornou-se não imortal, posto que foi chama, mas poeta infinito, enquanto durar sua obra.
COMEMORAÇÃO NA PARAÍBA
A partir de hoje, ao longo da semana, Campina Grande e João Pessoa recebem eventos que irão homenagear a vida e obra de Vinicius de Moraes com recitais de poesia e apresentações musiciais.
Neste sábado, na capital, haverá uma noite poética em tributo a Vinicius no Café Galeria (Av. João Maurício, 1443, Manaíra), a partir das 21h.
Na próxima semana, em Campina Grande, 'Vinicius, 100 anos de paixão' será o tema da reunião que comemora o primeiro ano do 'Sarau do MAC', no Museu Assis Chateaubriand (R. João Lélis, 581, Catolé). O sarau será na quinta, às 19h, com a participação de Eduardo Rabenhorst.
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