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CULTURA

A cultura como negócio

Empreendedorismo. A palavra que é mel na boca dos profissionais do ramo dos negócios agora foi importada também para as esferas da cultura.

Publicado em 29/01/2012 às 8:00


Empreendedorismo. A palavra que é mel na boca dos profissionais do ramo dos negócios agora foi importada também para as esferas da cultura.

Desde que arte virou também um produto, com a massificação dos meios de comunicação e a ascensão da estética kitsch, o artista, antes marcado por estigmas como o do 'ócio criativo', hoje é um empreendedor que passou a incorporar os conceitos de 'gestão' à sua carreira.

Preocupando-se cada vez mais com a profissionalização, no sentido burocrático do termo, escritores, músicos, artistas plásticos e cineastas estão modificando suas próprias concepções artísticas.

“Sempre que perguntam a minha profissão eu respondo 'músico' e voltam a perguntar minha profissão de verdade. Acho que nós músicos precisamos nos profissionalizar e encarar nosso trabalho de uma maneira mais séria, mesmo os que se propõem a ser mais informais. Informalidade não tem nada a ver com irresponsabilidade”, defende o sambista carioca Moyseis Marques, que acaba de assinar com a gravadora Biscoito Fino para lançar o seu terceiro CD, Pra Desengomar.

Nem todos os músicos, porém, têm a escolta de uma grande gravadora, como Moyseis. Desde que a indústria do entretenimento se converteu na indústria do espetáculo e abriu suas portas para manifestações mais plurais da cultura, a figura do artista independente se proliferou e ganhou força com o fácil acesso à tecnologia e a ambientes como a internet, que virou palco para as proezas dos 'indies'.

Júnior Cordeiro, cantor paraibano que este mês abriu o show de Lenine no Ponto de Cem Réis, em João Pessoa, se diz saudoso de uma época em que as gravadoras tinham seus 'olheiros' e 'orelhas', que indicavam os nomes de artistas para ser contratados e ganhar o suporte das gravadoras multinacionais.

“Claro que hoje o artista tem mais independência, mas o caminho é muito mais longo até que ele chegue ao patamar de lançar o seu disco por uma grande gravadora”, diz Cordeiro.

“Neste novo cenário o artista está cada vez mais dependente de editais e de uma burocracia que, a meu ver, é um tanto chata”, afirma o cantor e compositor que, além de aprovado no projeto 'Estação do Som', irá circular com seu show por intermédio do edital do Programa Banco de Nordeste de Cultura.

Para participar dos editais, Júnior Cordeiro contou que teve que recorrer a empresas inscritas no Simples (Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).

“Se o artista se inscreve nos editais como pessoa física, geralmente a carga tributária que incide sobre o cachê é mais alta que quando a inscrição se dá a partir de uma empresa com CNPJ”, explica.

Jorge Ribbas, professor de música da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), foi um dos colegas a quem Júnior Cordeiro recorreu quando concorreu em um dos editais em que foi classificado.

Ribbas possui uma firma que leva o nome fantasia de sua escola particular de música em Campina Grande, a Musidom: uma microempresa que presta uma espécie de serviço de terceirização para artistas que, como Cordeiro, optam por se apresentar como pessoas jurídicas para dispor de fundos de incentivo à cultura.

"Já há um mercado cultural, e ele está enveredando para um caminho mais técnico", justifica Ribbas. "Já que o Poder Público tem investido tanto na cultura, ele criou mecanismos para monitorar seus programas e é essencial que alguns projetos tenham o suporte de alguma entidade jurídica".

Para Ribbas, o artista independente também já se converteu em um mito. "Nem o artista independente é mais totalmente autônomo. Ele passou a ser dependente, começou a entender que há leis, que sua evolução vai depender também do seu empreendedorismo".

Os clientes de Ribbas vão de músicos de Campina Grande a grupos teatrais de João Pessoa. De acordo com Ribbas, eles reclamam não só dos altos impostos cobrados da pessa física como da exigência de certidões negativas e de uma série de comprovantes e documentos.

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Jornal da Paraíba

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