CULTURA
A cura marca volta de Selton Mello à TV em papel sério
Série que começa nesta terça-feira (10) traz ator como protagonista. Ele falou que queria voltar a trabalhar na televisão, por causa da audiência.
Publicado em 10/08/2010 às 13:37
Do G1
“O ator quer se comunicar.” Foi essa frase que Selton Mello, longe da TV há três anos e das novelas há mais de uma década, usou para explicar a sua volta à telinha, na nova série “A cura”, que estreia nesta terça-feira (10), após “Casseta & Planeta, urgente!”. O ator, que teve a sua carreira aos poucos direcionada para o cinema, reclamou da baixa audiência dos filmes nacionais e argumentou sentir falta do alcance da televisão.
“Às vezes você faz um esforço tão grande no cinema como em um trabalho que eu amo, exemplo de ‘O cheiro do Ralo’, um trabalho que eu me dediquei tanto, que a gente fez sem dinheiro nenhum. E aí o filme faz 170 mil espectadores. Não é nada perto do tamanho da nossa população. Isso é o que dá vontade de fazer algo para falar para milhões.”
Mas não é só esse motivo que fez Selton voltar às origens – ele começou fazendo novelas quando ainda era uma criança. Para interpretar Dimas, o misterioso e perturbado médico que volta à sua cidade natal após se formar, ainda sob a acusação de ter assassinado um amigo de infância quando criança, ele disse que os autores da série, os escritores João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, além do diretor, foram fundamentais.
“O texto [me fez aceitar o papel]. E a vontade de trabalhar com [o diretor] Ricardo Waddington, que é um cara que eu tenho a maior admiração”, contou. “Mas basicamente, o que me fez fazer [a série] foi o personagem. Todo ator quer um grande personagem. Seja no teatro, no cinema, onde for.”
E Dimas, protagonista da série com nove episódios, que vão passar só às terças, é desses personagens ambíguos, que não sabemos à primeira vista qual é a sua verdadeira índole. Se é bom ou mau ou simplesmente humano. O ator explicou que, após uma sucessão de personagens cômicos, essa também foi uma das razões para a volta: ele queria voltar a fazer um papel sério na TV.
“Isso foi outra coisa que me chamou a atenção nesse seriado: poder fazer drama num curto espaço de tempo. Eu sou de uma época, como espectador, que tinha muitos seriados dramáticos, como ‘Malu mulher’, como ‘Plantão de polícia’, ‘Bandidos da falange’. Dramáticos, sérios e curtos, de dois, três meses que era legal de acompanhar. Os americanos fazem tão bem isso e a gente também tem a capacidade de fazer.”
Mas engana-se quem pensa que Selton, por ter se dedicado menos à TV e mais ao cinema nos últimos tempos, tenha qualquer preconceito com a televisão. A TV o satisfaz artisticamente, diz, e, por ser eclético, adora ver de tudo na televisão. Por isso, ele explica que foi um outro fator, menos nobre, que o levou a fazer cinema
“Eu sou muito preguiçoso e o cinema dá agilidade. Você faz um trabalho em um mês e meio. Possibilita três trabalhos em um ano, dois meses cada, e trabalhar pouco”, conta. “Mas eu acho que estou cada vez mais próximo de uma volta às novelas.”
“Tem uma coisa que a televisão tem e que eu dou o maior valor e fico muito tocado: a televisão fala para muita gente. Às vezes a gente esquece disso e vive num mundo muito Rio de Janeiro, Baixo Leblon, os sites [que mostram] se a gente foi à Praia do Leblon, que a gente ta namorando, quem a gente deixou de namorar, e esquece que a gente está emocionando e divertindo gente lá no Acre, lá em Belém, que nem está ligado no que a gente está fazendo ou deixando de fazer. Esse é o entretenimento que eles têm. Eu acho que a televisão é muito poderosa. Ainda é.”
Selton, que já dirigiu dois longas-metragens, “Feliz Natal” e “O palhaço”, cuja montagem foi interrompida para que ele pudesse participar de “A cura”, não descartou trabalhar como diretor na TV.
“Eu estou muito entusiasmado com a direção, para ser sincero. Digo até que, nos últimos tempos, estou gostando mais de dirigir que de atuar”, revelou. “Se eu pudesse dirigir algo na TV, eu gostaria de fazer algo na pegada que o Guel [Arraes] fez na década de 1990. De poder adaptar algo da Literatura Brasileira na TV, de repente algo contemporâneo, que tem mais a ver com a minha geração. Quem sabe não faço isso em breve?”
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