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CULTURA

A despedida de Etta James

Etta James se vai, mas deixa seu nome marcado em um seleto grupo de mulheres que encantaram o mundo com suas vozes.

Publicado em 24/01/2012 às 6:30


Prestes a fazer 74 anos, a lendária cantora americana Etta James se foi. Na última sexta-feira, ela se entregou a uma teia de doenças, que incluía leucemia crônica, Alzheimer e insuficiência renal. Antes de ir, deixou seu canto do cisne, o álbum The Dreamer, lançado em novembro do ano passado pela Verve Forecast (selo subsidiário da lendária Verve) e ainda inédito por aqui.

Etta James foi além do blues, do rhythm n’ blues e do jazz. Sua voz embelezou, ao longo de 50 anos de carreira e 28 discos, também canções de soul, gospel e rock. Ficou marcada pela interpretação de ‘At last’, música que até hoje provoca arrepios com sua interpretação sublime.

The Dreamer faz uma apanhado de gêneros pelos quais Etta James passeou com desenvoltura. Mesmo debilitada, sua voz ainda impressiona e o repertório é digno de sua importância, mas não está à altura de sua magnitude. Prova disso é a escolha da versão boogie para ‘Welcome to the jungle’, do Guns N’ Roses.

Nas 11 faixas que compõem The Dreamer, o rock do Guns N’ Roses destoa. O repertório é formado por muito soul e r’n’b e embora ela traga elegância aos arranjos de 'Welcome to the jungle', a faixa é nitidamente menor que as demais. Menor, até, que a dispensável ‘Boondocks’, do obscuro grupo country Little Big Town.

Estão lá os celebrados Bob Montgomery (com o clássico 'Misty blue'), Ray Charles ('In the evening') e Little Milton ('Let me down easy'). Otis Redding e Johnny 'Guitar' Watson comparecem em dose dupla ('Cigarettes & Coffee' e 'Champagne & wine', e That's the hance You take' e 'Too Tired', respectivamente) e ainda tem Bobby "Blue" Bland com a canção que dá nome ao disco 'Dreamer'.

PRÊMIOS E DROGAS
Nascida Jamesetta Hawkins em 25 de janeiro de 1938 em Los Angeles, California. Sua vida foi de glórias e infernos, boa parte destes causados pelos vícios em heroína e cocaína. Paralelo às drogas, ela colecionava prêmios e influenciava cantoras como Bonnie Raitt, Janis Joplin e até Adele.

“A voz dela foi a primeira que me fez parar o que estava fazendo, sentar e escutar. Tomou conta da minha mente e do meu corpo”, declarou a sensação da música inglesa, em entrevista à revista Rolling Stone, a mesma que elegeu Etta James a 22ª maior cantora de todos os tempos, em uma lista de 100.

Ao longo da carreira, Etta ganhou quatro prêmios Grammy - entre eles o de Melhor Álbum Contemporâneo de Blues (Let's Roll ) e pelo Conjunto da Obra (2003). Em 1993, foi incluída no prestigiado Hall da Fama do Rock and Roll e em 2001, no Hall da Fama do Blues.

NO CINEMA
A cantora e atriz Beyoncé personificou Etta James no cinema em 2008. Ela, Etta, era uma das personagens centrais do filme Cadillac Records, ao lado dos igualmente lendários Muddy Waters e Chuck Berry, em um drama inspirado na Chess Records, que lançou esses e outros vultos do blues, do rock e do soul.

Em 2009, Beyoncé voltou a incorporar Etta James, desta vez na posse do presidente Barack Obama. Ele e a primeira-dama, Michelle, dançaram ao som de ‘At Last’, interpretado pela jovem cantora.

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Jornal da Paraíba

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