CULTURA
A disparada dos clássicos
Produzida pelo seu filho, Jair Rodrigues lança 'Samba Mesmo', coletânea de dois discos que reúne as canções que nunca chegou a gravar.
Publicado em 30/03/2014 às 8:00
Antes de atender o telefone para a entrevista, Jair Rodrigues chega cantarolando e com muita simpatia pergunta no mesmo tom como vai a “Paraíba masculina, mulé macho, sim sinhô”.
“Jairzinho sempre diz que está pra surgir o homem mais feliz do planeta”.
É nessa felicidade que ele conversa sobre o Samba Mesmo (Som Livre), coleção de dois discos onde Jair solta a voz interpretando clássicos que ele nunca chegou a gravar. “A maioria dessas músicas como ‘Fita amarela’, ‘Na cadência do samba’ e ‘Barracão’ cantava nos meus shows”.
De acordo com o artista, a ideia partiu do seu filho Jair Oliveira, mais conhecido como Jairzinho, que assinou a produção musical do projeto. “Jairzinho gosta quando eu canto essas músicas no meu ritmo acelerado. Qualquer coisa mais romântica, eu transformo em samba”, atesta.
Dentre elas está a versão de ‘No rancho fundo’ (Ary Barroso e Lamartine Babo), contando com a participação dos filhos Luciana Mello e o próprio Jair Oliveira. “Ary, sem sombra de dúvidas, é o maior dos maiores”, afirma. “Seu samba-exaltação ‘Aquarela do Brasil’ é lembrado no mundo inteiro e bateu até a ‘Garota de Ipanema’ (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)”.
Únicos convidados do Samba Mesmo, Jair confessa que foi pego de surpresa quando os filhos escolheram essa música.
Ele pensava que Luciana participaria em ‘Das rosas’ (Dorival Caymmi) ou ‘De volta pro meu aconchego’ (Dominguinhos e Nando Cordel), esta última a preferida da cantora.
Outro destaque presente no projeto é Jair Rodrigues cantar apenas em capela a canção ‘Eu não existo sem você’ (Jobim e Vinicius). “É a primeira vez que faço isso! Eu sempre ouvia o Agostinho dos Santos cantar essa música. Quando cantava na noite, eu o imitava. Tanto que colocaram meu apelido de Agostinho Júnior”, recorda aos sorrisos.
Uma surpresa para muitos é a interpretação de Jair para ‘Tortura de amor’, composição de Waldick Soriano imortalizada na voz de Claudete Soares que o paulista faz questão de cantarolar mais de uma vez ao telefone na entrevista. “Todo mundo ficava pensando que o homem só fazia ‘Eu não sou cachorro não’. O Waldick tem músicas bonitas que não pegava porque não tocava. Eu tenho vários discos dele”.
Além de produzir e soltar o gogó, Jair Oliveira também cedeu uma composição sua, ‘O samba me cantou’, que já foi gravado pela irmã Luciana no álbum 6º Solo (2012).
“É um samba esperto e alegre que ele me prometeu, mas deu a Luciana quando ela estava entrando em estúdio. Não importa. O que é da onça o lobo não come”, brinca.
Fora os clássicos, Samba Mesmo ainda apresenta três músicas inéditas: ‘Se você me deixar’ (Roque Ferreira), ‘Todos os sentidos’ (Martinho da Vila), e ‘Força da natureza’, uma composição feita a seis mãos pelo próprio Jair junto com Carlos Odilon e Orlando Marques que estava escondida há 40 anos.
“Em 1974, quando eu era solteiro, ficava no apartamento do Odilon no Rio de Janeiro. A gente gravou uma fita cassete e acabamos esquecendo. Quando falei com ele sobre o projeto, ele se lembrou da canção”.
‘JAIR OLIVEIRA 30’
Jair Rodrigues também participa do Jair Oliveira 30 (Som Livre), projeto que comemora as três décadas de estrada do seu filho, que está sendo lançado em CD, DVD e BD.
Dentre as músicas estão ‘Disparada’ (Geraldo Vandré e Theo de Barros), vencedora do Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, e ‘Superfantástico’, música da época do Balão Mágico, dentre outras.
Simony, Simoninha, Max de Castro e Daniel Carlomagno são alguns nomes presentes na celebração.
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