CULTURA
A intimidade dos tiranos
Histórias de caserna são as que mais interessam: lançados quase que simultaneamente, O Conde de Ciano: Sombra de Mussolini e Todas As Mulheres de Hitler arriscam novo olhar sobre.
Publicado em 21/10/2012 às 8:00
De um lado, o Duce; do outro, o Führer; no centro, a construção do Terceiro Reich, o império que conduziu a história mundial a uma de suas páginas mais sangrentas: a Segunda Guerra Mundial.
O número de livros já escritos sobre o conflito que mobilizou Aliados e Eixo talvez só não seja superior ao número de vítimas que seus seis anos de duração fizeram nos países envolvidos.
Décadas após o fim, a guerra ainda alimenta a curiosidade de gerações que, distantes de seu terror, dedicam-se agora a abrir o baú dos exércitos e vasculhá-lo até o fundo.
Agora, são as histórias de caserna as que mais interessam: lançados quase que simultaneamente, O Conde de Ciano: Sombra de Mussolini (Globo Livros, 378 páginas, R$ 49,90) e Todas As Mulheres de Hitler (Lafonte, 206 páginas, R$ 39,90) arriscam novo olhar sobre a intimidade dos líderes italiano e alemão, protagonistas dos regimes parceiros na jornada bélica que terminou em 1945.
O mais obscuro deles, O Conde de Ciano, do jornalista investigativo Ray Moseley, elege a figura do Conde Galeazzo Ciano (1903-1944), genro dileto de Mussolini, elevado à condição de ministro de assuntos exteriores no auge da Grande Guerra, para acrescentar mais detalhes na sua retrospectiva acerca do homem que supunha ser o novo César.
Moseley (vice-ganhador do Prêmio Pulitzer por suas reportagens internacionais no Chicago Tribune) já visitara o ditador italiano na biografia The Last Days of Mussolini ('Os últimos dias de Mussolini', ainda sem tradução no país - não confundir com o título homônimo de Peter Whittle, publicado pela Bertrand em 1969).
Neste novo volume, narra a ascensão de Ciano, de quando pediu a mão de Edda Mussolini até tornar-se o braço direito do sogro, firmando as bases para a relação com a Alemanha, que intermediou historicamente nas visitas de Hitler à Itália, desde o ano de 1938.
FONTE INESGOTÁVEL
No que toca ao nazista, muito se enganou quem pensou que a fonte tinha secado depois da chegada às prateleiras de seus tijolos biográficos (as duas últimas biografias, de Ian Kershaw e Joachim Fest, foram publicadas a primeira em 2010, pela Cia.
das Letras, e a segunda este ano, em dois tomos, pela Nova Fronteira).
Todas as Mulheres de Hitler surge como uma síntese de todas as teorias existentes sobre as 'puladas de cerca' de Hitler: em 13 capítulos, a influência de várias figuras femininas na trajetória do Führer são analisadas pelo jornalista Erich Schaake, de Eva Braun, a mais famosa, até sua mãe Klara.
A cereja no bolo de tudo isso é o calhamaço O Terceiro Reich no Poder (Planeta, 1056 páginas, R$ 129,90), uma brochura que encerra a trilogia iniciada pelo historiador britânico Richard J.
Evans com A Chegada do Terceiro Reich (2010). O livro já pode ser adquirido em sistema de pré-venda nas principais lojas virtuais do país.
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