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CULTURA

A musa da 2ª turma

Wanda Sá fala sobre box com a reedição de seus primeiros discos, que sai nos 70 anos de vida e 50 de carreira da cantora.

Publicado em 18/05/2014 às 13:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 13:24

De aluna de Roberto Menescal ao prestigiado estúdio da Capitol Records, nos Estados Unidos, a cantora Wanda Sá surgiu como a grande voz feminina da segunda turma da Bossa Nova, aquela na qual despontaram, ainda, Francis Hime, Durval Ferreira e Marcos Valle, entre outros.

Celebrando 50 anos de carreira e 70 de vida, a cantora se prepara para lançar um DVD ao vivo, com registro feito no ano passado, no Rio de Janeiro, mas antes vê seus três primeiros discos voltarem às lojas, em edições desenhadas com esmero pelo selo Discobertas.

Bossa Nova Anos 60 reúne seu disco de estreia, Vagamente (1964), e os dois discos que ela lançou no ano seguinte pela Capitol, Brasil ‘65 e Softly, todos muito bem remasterizados e, com exceção do último, acrescidos de faixas bônus.

Wanda Sá foi descoberta, ao lado de Menescal, no programa Dois no Balanço, de Ronaldo Bôscoli e Miele. Foi através dele que o então presidente da RGE, Benil Santos, conheceu a jovem cantora de 20 anos e incentivou o tarimbado violonista a fazer um disco dela, que acabou sendo lançado em agosto de 1964.

O álbum é fruto da união de duas turmas, a do Roberto Menescal (Carlinhos Lyra, Tom Jobim, Oscar Castro Neves etc.) com a da estreante Wanda Sá (que incluía Francis, Marcos e Edu Lobo). “Ele resolveu fazer esse disco com todos os grandes músicos daquela época”, confidencia a cantora, por telefone, referindo-se a nomes que vão do próprio Menescal a Sérgio Mendes, Tenório Jr. e Luiz Carlos Vinhas, passando pela estreia de Eumir Deodato nas cordas, tanto no arranjo, quanto na regência.

Vagamente não foi só o disco de estreia de Wanda Sá, mas a primeira vez de toda a turma. “Foi a minha estreia como cantora, a do Menescal como produtor, mas a de muita gente também. Foi um disco que ficou cult porque trazia essa marca, das estreias, e também por ser um disco de pura bossa nova”, pondera Wanda.

Nessa conta entram a gravação da primeira parceria de Edu Lobo com Vinicius de Moraes (‘Só me faz bem’), os primeiros registros das parcerias de Francis Hime (‘Mar azul’, com João Vitório, e ‘Sem mais adeus’, com Vinicius) e ainda ‘Encontro’, canção dela (música) com Nelsinho Motta (letra), como carinhosamente se refere ao jornalista e compositor.

As 12 faixas do disco original contemplam, ainda, músicas dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle (‘E vem o sol’), Geraldo Vandré (‘Tristeza de amar’, com Luiz Roberto) e o hit ‘Vagamente’, parceria de Roberto Menescal com Ronaldo Bôscoli, além de um presentaço do venerado Tom Jobim a uma jovem estreante: ‘Inútil paisagem’.

“Quando eu fui à casa do Tom com o Roberto, o Tom mostrou duas músicas: ‘Só tinha que ser com você’ e ‘Inútil paisagem’.

Eu preferi ‘Só tinha que ser com você’, mas ele (Jobim) forçou a barra para eu gravar ‘Inútil paisagem’, que era completamente inédita, e eu saí da casa do Tom com uma música inédita para lançar. Para você ver o quanto ele era generoso, afinal eu era uma menina começando”.

Ao repertório original, a edição do Discobertas acrescentou duas faixas ao vivo: ‘Desafinado’ e ‘Vivo sonhando’, ambas de Tom Jobim (a primeira, com Newton Mendonça). Embora tenham sido lançadas originalmente em LPs distintos (O Fino da Bossa e A Bossa no Paramount, respectivamente), ambas têm a mesma fonte: o lendário show no Teatro Paramount (SP) em 25 de maio de 1964, no qual Sérgio Mendes ouviu Wanda Sá cantar e, no ato, já a convidou para excursionar com ele pelos Estados Unidos.

CAPITOL RECORDS
Mal Vagamente saía do forno e, três meses depois, Wanda Sá embarcava para os States com Sérgio Mendes e seu famoso Brasil ’65. Lá, numa audição armada por Mendes para se estabelecer no país, ela cairia nas graças do tarimbado Dave Cavanaugh (1919-1981), produtor de lendas como Nat ‘King’ Cole e Stan Kenton e o nome por trás do premiado Come Dance with Me (1959), de Frank Sinatra.

“Ele me disse ‘I am gonna make you a star’ (‘eu farei de você uma estrela’). Eu levei um susto tão grande”, lembra Wanda, entre risos e exibindo um inglês impecável. A frase não foi só de efeito. Cavanaugh conseguiu, para ela, um contrato de dois discos na famosa Capitol Records. A jovem cantora brasileira, de cativantes olhos negros, acabou por gravar e lançar os dois discos naquele mesmo ano de 1965.

Com a capa estampando, em inglês, um “A grande novidade da América do Sul desde o café”, Brasil ’65, o disco, reunia Wanda Sá com o trio de Sérgio Mendes e a violonista Rosinha de Valença, que acompanhava o grupo na época, em meio a faixas cantadas e instrumentais.

O álbum é um primor. “Estão lá as primeiras versões (em inglês) de músicas de Jobim”, assegura Wanda. Ela se refere a ‘Samba de uma nota só’ (que virou ‘One note samba’), ‘Ela é carioca’ (‘She’s carioca’, registrada naquele mesmo ano em The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim) e ‘O morro não tem vez’ (‘Favela’, no estrangeiro).

Mas o repertório tem muito mais joias: ‘Samba de verão’, de Marcos e Paulo Sérgio Valle (na versão ‘So nice’), três músicas da boa safra Baden-Vinicius - ‘Berimbau’, ‘Deixa’ (aqui, ‘Let me’) e ‘Consolação’ -, ‘Aquarius’ e ‘Muito à vontade’ (ambas de João Donato) e ainda ‘Reza’, de Edu Lobo (com quem casaria quando voltou ao Brasil, em 1966) e Ruy Guerra.

A edição também traz três faixas-bônus: ‘O morro’, ‘Tem dó de mim’ e ‘Arrastão’, todas extraídas do segundo LP que Wanda Sá gravou com o Brasil ’65, In Person at El Matador, disco ao vivo que seria lançado naquele mesmo ano, só que pela Atlantic Records.

Também lançado em 1965, Softly encerraria a participação de Wanda Sá na Capitol. Sem o Brasil ’65 por perto, ela cantou sob a direção musical do lendário Jack Marshall, famoso pelo arranjo da clássica ‘Fever’ com Peggy Lee.

Segundo Wanda, o box sintetiza a primeira (curta) fase da sua carreira, que entraria em recesso após o lançamento de Softly, quando a cantora casou com Edu Lobo, passou uma nova temporada nos Estados Unidos, voltou para o Brasil e criou três filhos longe dos holofotes.

Wanda Sá só voltaria aos estúdios nos anos 1990, quando retomaria a carreira que não larga até hoje. Em agosto, pela Biscoito Fino, ela lança um CD/DVD ao vivo que celebra essa história com a música. No palco, ela recebe a diva americana Jane Monheit, além dos velhos amigos Roberto Menescal, João Donato, Marcos Valle e Dori Caymmi.

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Jornal da Paraíba

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