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CULTURA

A produção em debate

Autonomia criativa e falta de informação preocupam cordelistas que discutem a recente demanda gerada pelas escolas.

Publicado em 14/04/2013 às 9:12

Há quem apresente ressalvas quanto ao fenômeno de apropriação da literatura de cordel pelas escolas. A despeito de reconhecer a tendência como positiva, o pesquisador Aderaldo Luciano teme que ela tenha um efeito pernicioso na autonomia criativa dos poetas.

Doutor em literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro ("estudando cordel", como gosta de frisar), Luciano afirma que as editoras estão "cooptando" os autores a adaptar narrativas da literatura universal de maneira a facilitar a aceitação das obras pelo Ministério da Educação.

"Algumas editoras se especializaram nisso e vivem disso, o que tem encantado os poetas", acusa o pesquisador, que lançou no ano passado o livro Apontamentos Para Uma História Crítica do Cordel Brasileiro (Editora Luzeiro).

"Em detrimento de toda a propagação do cordel, a originalidade está minguando, na medida em que os cordelistas só estão preocupados em adaptar, sem ter em mente que, se você escreve uma boa obra, de excelência literária, fatalmente, você vai parar nas escolas", alerta Luciano.

Outra fator controverso, segundo o estudioso, é a falta de informação das instituições quanto ao cordel: "A Biblioteca Nacional, por exemplo, não sabe o que é cordel. Quando você vai procurar um folheto, ele não está na seção de literatura, mas na de música ou de folclore, quando não é nem uma coisa nem outra".

Convidado esta semana para falar sobre cordel na aula de abertura do curso de Letras da UFRJ, Aderaldo Luciano defende a qualificação de professores como meio de torná-los aptos a tratar do tema: "Para que se obrigue, a canetadas, o professor a levar o cordel para a sala de aula, tem que haver uma preparação do professor, já que muitas vezes nem o poeta sabe o que é cordel, por não ter a tradição de dialogar com o passado nem com os seus pares".

DEU NO VESTIBULAR
Polêmicas à parte, a popularização da literatura de cordel nas escolas já criou um filão que, no caso do poeta Medeiros Braga, o inspirou a narrar fatos que têm poucos registros na história oficial, como o Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, movimento messiânico deflagrado no interior do Ceará, no início do século 20.

"Eu tenho me dedicado mais à área de educação política. Como aquele passarinho que tentava apagar um incêndio na floresta, eu também procuro fazer a minha parte ante o fogo da alienação", dispara Braga, que já teve estrofes suas reproduzidas até em provas de Vestibular.

Fábio Mozart, cujo livreto Mari, Araçá e Outras Árvores do Paraíso será beneficiado pelo projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores de Mari, acredita que iniciativas do gênero assumem a importância da cultura popular na construção da identidade de uma região.

"Incluir literatura de cordel nas escolas pode levar o estudante à descoberta de que poesia é fácil, que pode ser lida e feita por qualquer um. Isso abre enormes possibilidades criativas”, conclui o poeta, que crê em uma "pedagogia do cordel", que aproxime o aluno de sua realidade local.

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Jornal da Paraíba

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