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CULTURA

A Rainha partiu

Internada há um mês no Rio de Janeiro, cantora Carmélia Alves morreu aos 89 anos após complicações cardíacas. 

Publicado em 06/11/2012 às 6:00


A Rainha do Baião, Carmélia Alves, morreu na noite do último sábado em decorrência de uma falência múltipla de órgãos após complicações cardíacas. A cantora já estava internada no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, há aproximadamente um mês.

Carmélia tinha 89 anos e é considerada a maior representante feminina do baião no país, ao lado do Rei Luiz Gonzaga. O interessante é que ela não era nordestina e sim carioca e, com isso, conseguiu espalhar a popularidade do ritmo para o sudeste brasileiro nos anos 50.

“Isso mostra a elasticidade e o milagre da música popular brasileira. Embora filha de nordestinos, ela era carioca e se tornou a maior intérprete da música nordestina, a partir do Rio de Janeiro. Ela excursionou pelo mundo inteiro levando o baião para as pessoas”, disse o pesquisador carioca Ricardo Cravo Albin ao JORNAL DA PARAÍBA.

Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, a carreira de Carmélia Alves começou em 1940, quando foi contratada para apresentar-se no programa Picolino cantando músicas do repertório de Carmen Miranda. Na década de 1950, seu baião ‘Sabiá na gaiola’ estourou como um de seus maiores sucessos. Em 1977, fez com Luiz Gonzaga um show para 3 mil pessoas no Rio. Ao todo, lançou mais de 50 discos.

“Ela não foi apenas a Rainha do Baião, foi sobretudo uma das maiores divas representantes da Era do Rádio. Ela cantava de tudo”, comentou Cravo Albin.

Um de seus últimos trabalhos enquanto viva foi a participação no filme Cantoras do Rádio - O Filme (2009). A produção é de Laura Dalcanale e é baseada no espetáculo ‘Estão voltando as flores’, preparado por Ricardo Cravo Albin, no qual Carmélia mostrava músicas de grandes divas do rádio ao lado das cantoras Ellen de Lima, Violeta Cavalcanti e Carminha Mascarenhas. Juntas, elas fizeram um resgate de importantes passagens da Era de Ouro do Rádio, durante as décadas de 30 a 50. O show foi lançado em CD em 2002 pela Som Livre.

“Vai embora a parte mais importante da banda feminina da música nordestina. Ela e Marinês (a Rainha do Xaxado, que morreu em maio de 2007) tinham essa representação do forró clássico. Foram embora as duas representantes de uma geração que vivenciaram a evolução do gênero em nível nacional e ajudaram a propagar esse gênero”, declarou o autor do livro Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo (Editora 34, 2001), Fernando Moura.

“Felizmente a gente tem o acervo gravado, é o que nos resta com o desaparecimento dessas pessoas. É uma perda lamentável e o que nos consola é o legado que ela nos deixa”, afirmou.

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Jornal da Paraíba

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