icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

A volta do cabra da peste

'Discobertas' reedita três álbuns de Jackson do Pandeiro em CD, com nova masterização e reprodução dos encartes originais.

Publicado em 06/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 17:34

Neste mês de junho, o selo Discobertas coloca nas lojas uma reedição de inestimável apreço histórico. Três álbuns de carreira do paraibano Jackson do Pandeiro (1919-1982) estão de volta, em CD, com nova masterização e a reprodução dos encartes originais. São eles: O Cabra da Peste (1966), A Braza do Norte (1967) e É Sucesso (1968). Os três saem empacotados na caixa Jack do Pandeiro Anos 60 – 1966-1969 (R$ 100,00, em média), que ainda traz um quarto CD, exclusivo, contendo raridades desse período.

Na segunda metade dos anos 1960, o rei do ritmo já estava devidamente coroado, mas sua vida pessoal não ia nada bem. Seu casamento com Almira Castilho (1924-2011), parceira tanto no lar, quanto nos palcos, estava perto do fim.

“Entre 1967 e 1968, Jackson passa pelo período mais negro de sua vida pessoal e carreira artística”, assinalam os jornalistas Fernando Moura e Antônio Vicente na biografia Jackson do Pandeiro - O Rei do Ritmo (Editora 34).

“A separação, em si, não gerou nenhum problema não”, garante o músico José Gomes, sobrinho de Jackson do Pandeiro, a respeito da separação do tio e de Almira. “Muito embora a tia Almira fosse uma grande parceira dele, dançava muito bem, mas era ele quem cantava. Então em termos de discos e agenda, ele se manteve”, acrescenta o músico, por telefone, do Rio de Janeiro.

José Gomes se une ao escritor Fernando Moura ao atribuir essa má fase à chegada do rock estrangeiro ao Brasil e ao apogeu da Jovem Guarda.

"Todo mundo que tinha a vertente da música regional, nordestina, teve um certo recuo com a chegada da Jovem Guarda. O rock começou a avançar, as gravadoras começaram a olhar outras vertentes musicais e isso fez com que eles fossem para o interior do Brasil, não só Jackson, mas Luiz Gonzaga, Marinês, Trio Nordestino, Dominguinhos... eles continuaram lançando discos, mas os shows passaram a acontecer em circos, escolas etc.”, contextualiza o escritor paraibano.

Sem o interesse das grandes gravadoras, Jackson do Pandeiro foi parar em selos menores, como a Continental e Cantagalo, que lançariam os discos que compõem a nova caixa do Discobertas. “Para sobreviver, ele continuou produzindo seus trabalhos, mas a qualidade não caiu. A produção continuou acentuada”, atesta Moura.

O Cabra da Peste, da Continental, seria o derradeiro disco que Jackson e Almira lançariam juntos. O álbum volta às lojas em CD com sua capa original e - surpresa - traz a faixa ‘Polícia feminina’, de José Pereira e Severino Ramos, lançada na primeira tiragem do LP, mas retirada das tiragens seguintes por força da censura.

No mais, todos os clássicos estão lá: ‘Capoeira mata um’, ‘A ordem é samba’, ‘Forró quentinho’, ‘Vou sambalançar’ (parceria de Antônio Barros com Jack) e ‘Bodocongó’, música de Cicero Nunes e Humberto Teixeira nominalmente inspirada em Campina Grande.

O LP seguinte, A Braza do Norte (com “z” mesmo) já foi lançado pelo Cantagalo e também traz Almira e Jackson estampados na capa, mas o casal já havia se separado. O repertório traz 17 faixas entre xote (‘Ralabucho’), baião (‘Amolador’) e diversos sambas (‘Verdadeiro amor’, ‘De araque Zé’, ‘Babá de cachorro’), além de uma toada, ‘Lá vai a boiada’, que abre o disco.

O mesmo Cantagalo viria a lançar, em 1968, Jackson do Pandeiro é Sucesso, que muita gente confunde com o LP lançado pela Tropicana/CBS em 1976. Aqui, Jackson se rende ao rock que lhe empurrara para o interior do país: no rojão ‘Iê-iê-iê no Cariri’, de Maruim, o paraibano mostra com quantos passos (de forró) se dança o iê-iê-iê (no disco de raridades, Jackson voltaria ao tema na marchinha ‘Iê-iê-iê na TV’, cuja letra brinca com Roberto Carlos e sua turma: "É uma brasa, mora?!").

O repertório de É Sucesso é repleto de forrós (‘O pai da Gabriela’), rojões (‘Mãe Maria’) e xotes (‘Carreira de veio é chôto’).

DE MOLHO

Além de se separar de Almira e ser empurrado dos holofotes pelo rock, Jackson do Pandeiro sofreu um acidente de carro que o deixou de molho, sem cantar, sem tocar e sem compor.

Entretanto, isso não o impediu de voltar ao estúdio, onde gravou singles – muitos deles, de carnaval – e até um disco.

Hoje raríssimos, esses singles foram compilados no inédito Mais Um Pouquinho, CD de 17 faixas que reúne EPs lançados pela Continental e pelo Cantagalo e gravações extraídas de coletâneas (ver box nesta página).

Estão lá, por exemplo, faixas que compõe o EP A Dança do Xenhenhem e Ralabucho, ambos lançados em 1967.

Curioso do CD são as músicas que abordam futebol, completamente em sintonia com os tempos de Copa do Mundo.

O repertório abre com ‘Que coisa chata’, parceria de Jack com Álvaro Castilho e Anastácio lançada em 1966, que reclama a ausência de Pelé e Garrincha na Seleção, e fecha com ‘Frevo do tri’, lançada, segundo o encarte, em 1969, às vésperas da seleção conquistar o tricampeonato na Copa de 1970.

DISCOBERTAS QUER LANÇAR TODA A DISCOGRAFIA DE 'JACK'

Marcelo Fróes, diretor do Discobertas e produtor executivo das reedições do selo, contou ao JORNAL DA PARAÍBA que pretende reeditar mais discos de Jackson do Pandeiro.

Para a tarefa, conta com o apoio imprescindível de Zé Gomes. “Ele é um grande amigo, o trabalho dele é excelente e a gente sempre bate bola”, confirma José Gomes, que além de ter herdado o talento musical do tio, também cuida do espólio do artista paraibano.

O selo já reeditou dois discos duplos do rei do ritmo que abrangem a produção fonográfica do paraibano nos anos 50, e ainda um CD ao vivo com um show raro (o Ao Vivo, de 2011, extraído de uma fita que o músico Jarbas Mariz, também paraibano, guardava em casa) e já negocia os títulos que o rei do ritmo lançou a partir dos anos 1970.

“O grande problema são as gravadoras. Elas não fazem (as reedições), nem deixam a gente fazer”, lamenta José Gomes, comentando o desafio que é conseguir relançar, sobretudo, os álbuns que Jackson gravou para a Phillips (hoje, no catálogo da Universal Music).

CONFIRA O REPERTÓRIO DO CD DE RARIDADES ,'MAIS UM POUQUINHO':

1. Que Coisa Chata (Álvaro Castilho – Anastácio – Jackson do Pandeiro)
2. Balanço da Nega (Álvaro Castilho – Jackson do Pandeiro – De Castro)
3. Mais Um Pouquinho (Álvaro Castilho – Ivo Marins – Jackson do Pandeiro)
4. Índio Valente (Álvaro Castilho – Jackson do Pandeiro – De Castro)
5. Não Posso Mais (Luiz de França – Álvaro Castilho - Jackson do Pandeiro)
6. Iê Iê Iê na TV (Álvaro Castilho – Jackson do Pandeiro – Sebastião Martins)
7. O Marido da Vizinha (Nestor de Holanda – Célio Felício)
8. A Vaca Foi pro Brejo (Henrique de Almeida – Carlos Marques)
9. Eu Vou Subir (Jackson do Pandeiro – A. Marques)
10. Preciso Me Casar (Amor Provenzano – Otolindo Lopes)
11. Xenhenhém (Severino Ramos)
12. Meu Santo É Brasa (Jackson do Pandeiro - Anastácia)
13. Tá Como O Diabo Gosta (A. Garcia - Enock Figueiredo)
14. A Negra Balançou (Otolindo Lopes - Adauto Michellis - Jackson do Pandeiro)
15. Já Rolei (Waldir Ferreira - Nivaldo Lima - Jackson do Pandeiro)
16. Brasil na Batata (Waldir Ferreira - Ivo Martins - Jackson do Pandeiro)
17. Frevo do Tri (Braz Marques - Àlvaro Castilho)

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp