CULTURA
Abaixo o amor romântico
Quebrando as algemas da 'monogamia possessiva' quadrinista canedense Chester Brown lança o álbum 'Pagando por Sexo'.
Publicado em 10/10/2012 às 6:00
Tudo começou com uma desilusão amorosa. O canadense Chester Brown quebra as algemas do que ele chama de 'monogamia possessiva' para descobrir o relacionamento íntimo pago no álbum Pagando por Sexo (WMF Martins Fontes, 296 páginas, R$ 47,00).
O autor não tem 'papas' nos dedos: já revelou seus traumas sexuais da puberdade em A Playboy (única obra sua lançada no Brasil até então, pela Editora Conrad, em 2001). Pagando por Sexo é um relato íntimo e (bastante) honesto do quadrinista, onde a solução 'amorosa' encontrada por Brown foi sair com prostitutas e abdicar do relacionamento romântico.
A obra é praticamente um diário sobre seus encontros, onde as 'acompanhantes' não têm suas feições nem seus nomes revelados, além de discutir o polêmico meio de vida com amigos como os também quadrinistas undergrounds Seth e Joe Matt em várias ocasiões.
Chester Brown não conta apenas seus casos. Ele levanta a bandeira advogando pela descriminalização da 'profissão mais antiga do mundo' com um extenso apêndice de 50 páginas, discorrendo sobre o surgimento do amor romântico, as leis canadenses que abordam o sexo pago, o tráfico de pessoas para a escravidão sexual, entre outros tópicos.
Independente de aceitar ou não a ideologia do artista, o álbum segue coerente com as ideias defendidas, onde o grid fixo em oito quadrinhos por página coloca o quadrinista distante de tudo, incluindo de não oferecer um único sorriso na HQ.
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