CULTURA
'Action figures': brinquedos de gente grande
Cada vez mais requintados, eles têm seguido a evolução de um consumidor que entendeu que não precisa abdicar de certos prazeres da infância só porque chegaram à vida adulta.
Publicado em 25/07/2010 às 15:57
Renato Félix
Do Jornal da Paraíba
Bonequinhos? Podem ser, mas de gente grande. E para reforçar esse caráter que itens como os mostrados nesta página têm ganhado nomes pomposos, como “action figures”, estatuetas ou, simplesmente, colecionáveis. Cada vez mais requintados (e com preços que acompanham esse requinte), eles têm seguido a evolução de um consumidor que entendeu que não precisa abdicar de certos prazeres da infância só porque chegaram à vida adulta.
Os antigos bonequinhos evoluíram e ganharam articulações para atrair as crianças. Hoje, a lógica se inverteu: quanto menos articulações, mais evoluídos, pois ganham status de arte. “Quanto mais articulações, mais eles são para brincar, pois dá para colocar em várias posições”, conta o jornalista Daslei Ribeiro, 27 anos. “Os que não têm tanta articulação normalmente não são para crianças, são como estatuetas”.
O mercado americano há tempos descobriu esse nicho e os colecionáveis aparecem relacionados a tudo na cultura pop e em itens mais ou menos sofisticados. A DC Comics, editora das histórias em quadrinhos de super-heróis como Super-Homem, Batman e Mulher-Maravilha, possui a DC Direct, que comercializa estatuetas, bonecos articulados e bustos de seus personagens, com séries especiais baseadas em HQs específicas, nos traços particulares dos desenhistas e até nos atores que interpretaram os heróis no cinema ou na televisão (como o Super-Homem de Christopher Reeve ou a Mulher-Maravilha de Linda Carter).
Ao mesmo tempo, redes de lanchonetes aproveitam estreias do cinema ou séries da moda para lançar suas próprias coleções, oficialmente direcionadas a crianças, mas atiçando a cobiça de muitos adultos. O McDonald’s, por exemplo, dá como brinde personagens de Shrek para Sempre, que está em cartaz. O Burger King já fez promoções com os Simpsons e o Bob’s teve recentemente uma coleção dos super-heróis da DC.
Fabiano Rodrigues, 36 anos, proprietário de uma videolocadora, aproveita os bonecos como decoração da loja, mas seu interesse por eles vem antes disso. “Você fica encantado com a perfeição, com a proximidade do ator do filme”, diz ele. Sua preferência, naturalmente, são os colecionáveis relacionados ao cinema - e hoje em dia, não são apenas os desenhos animados que são reproduzidos com exatidão, mas também os atores de carne-e-osso.
“Os adultos se encantam”, conta. “Muitos dizem que querem trazer os filhos ou os sobrinhos, que as crianças vão ficar loucas, mas eles é que ficam encantados, porque lembram de filmes que os marcaram”. De todos os seus colecionáveis, ele tem um carinho especial pelo E.T., do filme de Steven Spielberg. “Ele foi um dos primeiros que comprei, em 1999”, lembra.
Daslei Ribeiro tem cerca de 100 objetos colecionáveis entre bonecos e carrinhos da linha Hot Wheels - que costumam ter inúmeras séries temáticas, justamente para atrair, além das crianças, os colecionadores. Seu item mais precioso é um Dr. Destino (inimigo do Quarteto Fantástico). “É um boneco estilo quebra-cabeças, para você construir. É como um aeromodelo”, conta.
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