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CULTURA

Adeus ao pioneiro das HQs

Considerado o maior pesquisador brasileiro das histórias em quadrinhos, Moacyr Cirne morreu no último sábado (10) em Natal.

Publicado em 14/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 26/05/2023 às 17:31

Um ‘pioneiro’ e ‘desbravador’ são as palavras que definem o potiguar Moacy Cirne, que morreu no último sábado, aos 70 anos, vítima de uma parada cardíaca após passar por uma cirurgia e ficar em coma induzido no Hospital da Unimed, em Natal. Ele havia descoberto um câncer no fígado recentemente, de acordo com informações da Tribuna do Norte.

Considerado o maior estudioso e pesquisador brasileiro das histórias em quadrinhos, ao lado de nomes como Álvaro de Moya, Otacílio Assunção e Sônia Bibe-Luyten, Cirne também foi artista visual, poeta (um dos fundadores do movimento de vanguarda Poema/Processo, lançado em 1967) e ex-professor de comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Com ele aprendi a entender os quadrinhos e a gostar cada vez mais dessa arte”, atesta o quadrinista, professor e editor paraibano Henrique Magalhães. “Faz muito tempo que conheci Cirne, não lembro a data exata. Primeiro descobri seus textos, na década de 1970. A Explosão Criativa dos Quadrinhos foi minha cartilha, bem como todos os títulos que vieram em seguida”.

Magalhães relembra que a última vez que encontrou o professor natural da cidade de São José do Seridó (RN) foi em 2012, em uma homenagem a ele pela Feira de Livros e Quadrinhos de Natal (Fliq).

“A história da história em quadrinhos brasileira reserva a Cirne a autoria da primeira obra sobre o tema publicado no Brasil, A Explosão Criativa dos Quadrinhos, de 1970”, afirma o pesquisador Paulo Ramos, autor do Blog dos Quadrinhos. “O livro procurava traçar as primeiras explicações sobre os recursos visuais da linguagem dos quadrinhos, como o balão e a composição do ritmo narrativo”.

Além de A Explosão Criativa..., Cirne lançou obras como Para Ler os Quadrinhos (1972), Uma Introdução Política aos Quadrinhos (1982), História e Crítica dos Quadrinhos Brasileiros (1990), Quadrinhos, Sedução e Paixão (2000) e A Escrita dos Quadrinhos (2006).

Pesquisadora, resenhista, roteirista e editora do Portal GHQ, a conterrânea Milena Azevedo reflexiona Cirne como um dos mais importantes teóricos do Brasil no assunto. “Considero ele mais importante até que o próprio Álvaro de Moya no sentido de pesquisa”, coloca. “Moacy questionava muito a linguagem, o aspecto visual das páginas e a semiologia”.

Com um posicionamento marxista, Milena diz que o pesquisador tinha um posicionamento forte contra quadrinhos como os da Disney, mas sempre foi um amante dos clássicos como Brucutu de Vincent T. Hamlin (1900-1993), Ferdinando de Al Capp (1909-1979) e as obras de Will Eisner (1917-2005).

“Ele foi o primeiro teórico a destacar que, nos quadrinhos, o elemento fundamental não é o balão, mas as calhas (os espaços entre cada quadrinho que ajuda a delimitar o tempo e ação da narrativa)”, explica Milena Azevedo.

Outras paixoes de Moacy Cirne era o cinema e o futebol, condicionado especialmente ao Fluminense, clube carioca sobre o qual escreveu o livro Maraca, Maracanã Que Te Quero Fluminense (2013).

O último livro do pesquisador potiguar, Seridó Seridós, foi lançado no fim de 2013 com memórias, fotos, poemas e listas de livros e filmes.

Emocionada, Milena Azevedo destaca a humildade, o jeito de contar histórias (principalmente da infância), o pioneirismo e a sua briga para colocar as histórias em quadrinhos como objeto de estudo na universidade, observado a resistência acadêmica e preconceito que sempre imperou pelo gênero artístico.

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Jornal da Paraíba

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