CULTURA
Aleluia! Indies no palco
Acontecendo em datas próximas e no mesmo local do um festival 'No Ar: Coquetel Molotov', a 'Oxigênio' chegou à sua 3ª edição.
Publicado em 06/10/2012 às 6:00
A explosão de hits da música gospel no Brasil começa a consolidar um mercado definitivo, profissional e organizado. Nomes como Aline Barros e Thalles Roberto compõem um cenário envolvendo não só discos para o largo segmento evangélico, mas eventos, premiações, programas de TV e muitas vendas.
Para toda tendência pop, há uma faceta alternativa não revelada. Foi no último fim de semana em Recife (PE) que um evento demarcou esse novo território: a Conferência Oxigênio, promovida pela Plano B.
Acontecendo em datas próximas e no mesmo local de um festival consolidado no Brasil, o No Ar: Coquetel Molotov, a Oxigênio chegou à sua 3ª edição.
Foi em 2012 que o evento marcou sua curadoria musical delimitando convites a alguns artistas que compõem o quadro de música independente, feita por cristãos em busca do distanciamento do rótulo gospel e uma nova forma de enxergar a arte que produzem.
Mais de 2 mil jovens de 17 a 30 anos estavam por lá, garantindo que há público para assistir desde dinossauros do rock cristão nacional, como os paulistas do Resgate, até Lucas Souza, Tanlan e os americanos do Leeland.
“Tendo uma experiência cristã no dia a dia, a gente pode e deve ter a liberdade de cantar outros temas”, afirma Marcos Almeida, cantor e compositor da Palavrantiga. Marcos e a banda se tornaram referência de um projeto em busca de ampliar horizontes fora da igreja. Sua música chamou a atenção de Henrique Portugal, tecladista do Skank, e da dupla Christian e Ralf - que regravou a canção “Casa”, da banda.
Umbanda music?
Em sua oficina na conferência, Marcos propôs pontes entre cristianismo e música brasileira, mostrando como canções de Nelson do Cavaquinho (‘Juízo Final’) refletem uma fé cristã na arte que deveria ser reencontrada pelos evangélicos.
“Apenas no Brasil se categoriza um gênero musical pela definição religiosa”, analisa o cantor, notando que existe rock gospel, reggae gospel, tudo gospel. “Desse jeito, muitas das músicas de Caetano, Gil ou Céu deveriam se enquadrar na categoria ‘Umbanda Music’. Não faz sentido”, afirma.
Certo de que música deveria ser percebida apenas como música, Marcos lembra que muito disso se deve a uma segmentação feita pelo próprio evangélico. “É o ‘evangeliguês’ que nos mantém cada vez mais no gueto e longe da rua, das pessoas”, reforça o cantor.
“Evangeliguês” é o neologismo que o grupo usa falando dos clichês da música gospel, no geral focada em temáticas herméticas e compreensíveis apenas por quem transita no caminho religioso.
Junto a bandas como Tanlan, Aeroilis ou o recifense Felipe Flakes, o coro é de renovação e respeito ao que já foi feito no passado. “A gente parece se alinhar àqueles artistas do pre-movimento gospel nos anos 80. Estamos tentando evoluir naquilo que eles deixaram”, lembra Marcos se referindo a cantores como Vencedores Por Cristo (de ontem) e João Alexandre (de hoje).
“Eu vou continuar chamando a minha música de brasileira, de rock nacional e sem me importar muito com os rótulos do mercado”, completa o cantor do Palavrantiga, que lança seu segundo CD pela Som Livre ainda este mês.
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