CULTURA
Ana Cañas se encontra com o rock em novo trabalho
Disco define música de forma verdadeira e natural, diz cantora sobre seu novo trabalho.
Publicado em 15/09/2015 às 10:20
Ana Cañas é do rock. Mas só no seu quarto disco, Tô na Vida (Som Livre, R$ 24,90), ela avalia que, enfim, tenha se encontrado artisticamente com o gênero mais rebelde da música popular. Fruto da colaboração da paulista com o namorado, Lúcio Maia, o versátil guitarrista da Nação Zumbi (com passagens consagradas pelo Soulfly e Almaz), o novo trabalho vai do blues ao rock, passeando com desenvoltura pelo gospel e o folk.
Cañas já havia flertado com o rock antes. Com o ex-Mutante Liminha, espécie de guru do gênero no Brasil, ela tentou emplacar sua veia roqueira com Hein? (2009). O resultado, confessa a cantora, foi desastroso. “É um disco horrível”, resume Ana Cañas, em entrevista por telefone. “Liminha é um grande produtor, mas eu não queria saber de gravar disco na época, então é um álbum sem coesão, que não conta uma história. Este novo é diametralmente oposto”.
A química que rolou no amor entre ela e Lúcio, rolou também na concepção do novo trabalho. “O Lúcio tem uma perspectiva de música que me faltava e que trouxe coesão ao trabalho”, comenta a cantora, que reclamava ao parceiro não conseguir achar um som que a definisse, em meio ao eclético repertório que havia construído até então.
“Eu sentia que não tinha definido meu som de forma inteira, natural e verdadeira. Foi o show quem mostrou que meu caminho era o rock ‘n’ roll”, conta a cantora, referindo-se à turnê de seu penúltimo trabalho, Volta (2012), dirigida por Ney Matogrosso, que a colocou para fechar o show com um explosivo bloco de rock. Era a semente para Tô na Vida.
Além de produzir, Lúcio tocou guitarra e ajudou a compor algumas faixas, como ‘Tô na vida’ e ‘Madrugada quer você’ (ambas com Arnaldo Antunes) e ‘Som do osso’ (do casal, mais Pedro Luís).
A Lúcio, Arnaldo e Pedro, juntou-se o velho amigo Dadi (que assina com Ana ‘Hoje nunca mais’) em repertório que, ao contrário dos demais, não deixa brecha para covers.
Tô na Vida foi gravado de modo analógico, com a banda tocando ao vivo no estúdio. “Minha voz não foi afinada (na pós-produção). O que sai ali é o natural”, afirma Ana Canãs, sobre o processo de gravação, autenticamente rock ‘n’ roll, que a colocou entre Janis Joplin e Sheryl Crow (na fase Detours) em meio a sonoridade do Black Keys.
As canções são autobiográficas, Cañas admite. Escrita entre o fim de um relacionamento e o começo com Lúcio, há músicas que falam sobre a dor da separação, mas também sobre estar apaixonada.
Ela também gravou duas músicas sobre o gênero feminino: ‘Mulher’ (que ela tentou fazer em parceria com Hyldon, mas acabou assinando sozinha) e ‘Feita de fim’. A bandeira, ela carrega desde o show passado, quando incluiu no repertório ‘Mulher o suficiente’, de Alzira Espíndola.
“Eu me considero uma mulher independente, feminista, que luto pelos meus direitos e acredito que o mundo precisa ser mudado em relação a questão do gênero, especialmente nos direitos sociais”, discursa a artista, que se sustenta desde que saiu de casa, aos 18 anos.
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