CULTURA
Antônio Vieira: o repórter da TV que é apaixonado por rádio
Jornalista da TV Cabo Branco relembra início de trajetória profissional em rádios do Brejo paraibano.
Publicado em 10/01/2016 às 8:00
Fim de tarde na cidade de Caiçara, no Brejo paraibano. Enquanto o Sol se despedia para dar vez à escuridão da noite, um garotinho de apenas dez anos pegava um radiogravador e sentava na calçada, em frente à casa onde residia com a família. Ligava o aparelho e sintonizava numa programação musical, enquanto acompanhava o vai e vem de pessoas na rua. As horas passavam e o menino continuava ali.
Mergulhado nas ondas da AM, ele perdia a noção do tempo ouvindo uma sequência de jornalísticos, sempre encantado com a voz dos locutores. Isso se repetia todo dia, até as 22h. Muito mais que um hábito, era uma grande paixão. A criança cresceu e passou de mero ouvinte para jornalista. Hoje, Antônio Vieira brilha na TV Cabo Branco.
Foi na rotina da infância que a trajetória profissional de Vieira começou a ganhar forma. De tanto ouvir rádio, volta e meia ele brincava de imitar a entonação dos locutores. Sem perceber, acabou preparando a própria voz para o trabalho. Não foi por acaso que, na primeira oportunidade que surgiu, ele se destacou. “Eu tinha 15 anos, quando o dono de uma rádio de Guarabira decidiu fazer uma seleção para locutor com jovens da igreja evangélica que eu frequentava. Fiz três testes e acabei escolhido”, lembrou.
Naquela época, o garoto ainda cursava o ensino médio, não tinha experiência alguma. Precisou passar por vários treinamentos até estrear já no posto de repórter. “Era tudo novidade pra mim. Só ouvia o pessoal fazendo. Eu não sabia como era fazer”, contou. Mas foi lá e fez. E fez tão bem que, poucos meses depois, além das reportagens que fazia de segunda a sexta-feira, ele ganhou um programa musical nos fins de semana. “Eu recebia cartas, atendia telefone no ar. Era aquela coisa bem folclórica do rádio”, disse, entre risos.
Aos 17 anos, quando já acumulava trabalhos em duas AMs guarabirenses, Vieira começou a ser pressionado pelos pais para focar nos estudos. Estava no 3º ano, prestes a encarar o vestibular, e acabou abrindo mão das rádios. A mãe dele queria vê-lo seguindo carreira militar. O pai imaginava-o na área jurídica. O filho tentou as duas coisas, mas não foi aprovado em nenhuma. No ano seguinte, ainda inspirado pelas experiências radiofônicas, decidiu que tentaria Jornalismo. E conseguiu: foi aprovado no curso da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande.
“Entrei na graduação com a perspectiva de me desenvolver como jornalista de rádio. Mas veio o destino e me pregou uma peça”, brincou. A disciplina de Radiojornalismo, tão esperada por ele, foi uma grande frustração. “O professor adoeceu e prejudicou toda a programação de conteúdo. Ele foi substituído por outro, que adoeceu também. Acabei não vendo tudo o que eu queria e fiquei muito triste por isso”.
No semestre seguinte, vieram as aulas de Telejornalismo. No primeiro vídeo que teve que gravar, Vieira já chamou atenção, sobretudo pela voz grave e segura. “A partir daí, o professor só me colocava como repórter ou apresentador em todos os trabalhos. O pessoal da turma começou a fazer brincadeira, dizendo que eu ia trocar o rádio pela TV. Eu, no entanto, nem cogitava isso”, destacou. E nem teve tempo para fazer planos: dias depois, foi convidado para encarar uma bateria de testes na TV Paraíba, afiliada Rede Globo em Campina Grande.
“Meu professor era Rômulo Azevedo, na época, chefe de reportagem da emissora. Ele me falou sobre uma vaga para repórter e decidiu me preparar. Passei cinco meses em treinamento, até que fui contratado”, relembrou.
Já no primeiro mês, Antônio Vieira emplacou matérias em rede nacional. Seu crescimento como repórter o levou a assumir a bancada de telejornais locais, como Bom Dia Paraíba e JPB 1ª Edição. Em 2008, ele aceitou o convite de integrar a equipe da TV Cabo Branco, em João Pessoa. Em fevereiro deste ano, o jornalista comemora 13 anos de trajetória nas telinhas das emissoras da Rede Paraíba de Comunicação.
Hoje, mesmo sendo referência na TV, ele diz que continua apaixonado por rádio. “Espero um dia poder trabalhar novamente numa AM. Contudo, agora minha dedicação tem sido o telejornalismo. Eu não escolhi a profissão, foi ela que me encontrou. E sou realizado demais por isso”.
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