CULTURA
Arnaldo Antunes fala sobre novo disco, composto durante viagens
'Já é' nasceu em férias sabáticas em países como Índia, Itália e EUA. Disco é o 16º da carreira do ex-titã.
Publicado em 06/10/2015 às 8:00
Arnaldo Antunes tirou férias para trabalhar. Férias sabáticas. Entre dezembro de 2014 e maio deste ano, o multiartista fez do aeroporto, a base para viagens a Paraty (RJ), Nova York (EUA), Rishikeshi (Índia), Milão e Roma (ambas na Itália), mantendo a mente e o espírito longe dos compromissos do dia a dia, dos shows, da agenda de participações etc.
Em cada cidade, ele encontrou a inspiração para compor novas canções. Do frio glacial que pegou em Nova York, obrigando-o a se enfurnar em um quarto de hotel, ao clima espiritual de Rishikeshi, o ambiente propiciou o repertório de Já É (Rosa Celeste/Sony Music, R$ 24,90), 16º disco solo de Arnaldo Antunes
“Eu nunca fiz isso, de tirar cinco meses de férias. Foi absolutamente inédito pra mim”, confidencia o músico ao JORNAL DA PARAÍBA, por telefone. “Eu percebi que compunha muito nas férias, porque era quando eu tinha um disponibilidade emocional mais livre. Eu pego o violão, leio, escrevo minhas coisas... fico num estado de curtição que no dia a dia é mais difícil”.
Ao longo de 15 faixas, Já É reflete não só a viagem de Arnaldo, com a pressa dos tempos modernos. Não é à toa que o roteiro começa com a acelerada ‘Põe fé que já é’ e termina com a meditativa ‘Aqui onde está’, composta durante a passagem do artista pela Índia.
“Os critérios (para escolha do repertório) foram vários”, comenta Arnaldo, que incluiu um punhado de composições escritas pouco antes da viagem. “A temática não foi o único critério. Tinha uma coisa de apego a canção, um equilíbrio dentro de uma diversidade natural do que eu componho”.
O fato de estar de férias, livre de compromissos, foi fundamental para as novas canções, ele próprio admite, mas ressalta que não esteve imune às influência dos lugares. “A Índia, especialmente, foi muito inspiradora. Rishikeshi é uma cidade sagrada, então tem uma coisa espiritual bem forte. A gente foi assistir a umas falas do monge, li muito quando estava lá, e esse universo acabou inspirando canções como ‘Aqui onde está’, ‘Mágoa’ e ‘Antes’”, enumera.
Da mesma forma que o homem é fruto do meio em que vive, o inverno rigoroso que Arnaldo pegou em Nova York o fez compor algumas das canções mais centradas do álbum, com ‘Azul e prateado’, ‘Saudade farta’, 'Se você nadar' (uma das três parcerias dele com a mulher, Marcia Xavier) e, como não poderia deixar de ser, ‘O metereologista’.
“Dos vinte e poucos dias que a gente passou por lá, só três tiveram temperaturas acima de zero grau. Era muito frio, muita neve, isso nos levou a um período mais de introspecção, lendo, tocando. Isso criou um campo muito fértil para as novas músicas”, ilustra.
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