CULTURA
Artes plásticas e visuais: sete exposições estão em cartaz em João Pessoa
Uma das mostras é Fúria da Sereia, com peças e referências das artesãs da Praia da Penha que desfilaram no São Paulo Fashion Week.
Publicado em 15/01/2016 às 14:17
O final de semana em João Pessoa chega com promessa de boas opções para quem é fã de artes plásticas e visuais. A Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes e na Estação das Artes Luciano Agra está com sete exposições abertas, todas com entrada gratuita entre 10h e 18h deste sábado e domingo.
Iniciando o tour pela casa, o público poderá conferir no Primeiro Pavimento da Torre Mirante a exposição do artista, Di Batista, intitulada de ‘Euforia em Preto e Branco’, além de conferir as duas instalações de autoria da artista plástica Alessandra Chianca, chamadas de ‘Música no Ar’ e ‘As Flores de Plástico não Morrem’.
Euforia em Preto e Branco – Em ‘Euforia em Preto e Branco’ o visitante irá encontrar desenhos executados em tinta acrílica preta sobre papel canson, onde o artista expressa suas emoções e impressões do cotidiano. Seu traço lembra a espontaneidade do nanquim chinês.
Segundo a curadora geral da Estação Cabo Branco, Lúcia França, nas telas percebe-se que o artista empreende sua energia d’alma em seu labor artístico e ao concentrar-se na técnica da tinta, e papel, o pintor desloca o olhar de apreciador da arte. “Este, que normalmente também praticava a pintura cheia de nuances de cor, sombras, volumes e profundidade, agora já não o faz, pois condensa sua força na linha, curvas e planos monocromáticos e, desta maneira, apura com extrema naturalidade seu universo imagético proporcionado pela síntese gestual”, analisou.
As Flores de Plástico não Morrem – Na primeira instalação ‘As Flores de Plástico não Morrem’ se vê, no chão, pequenos vidros com flores vermelhas de plástico. “As instalações consolidaram-se como forma da expressão dos artistas visuais a partir da década de 1960. Atualmente mantém-se como um gênero importante e muito difundido”, explicou a curadora da casa, Lucia França.
Música no Ar – A segunda instalação ‘Música no Ar’, o visitante vai encontrar vinis, muito comum na década de 1970 e 1980, fixados no teto. Os vinis eram como as pessoas na época escutavam música. São vinis nacionais e internacionais que foram sucesso e embalou as festas e discotecas de muitos jovens que hoje são cinquentões. São títulos de Roberto Carlos, Raul Seixas, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Zé Ramalho, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Belchior, Blitz, Roberta Miranda, U2, Pink Floyd e outros.
Os vinis se transformaram em objetos de arte raros e muitos foram prensados com uma tiragem pequena. Para os colecionadores o álbum vinil tem uma importância não apenas na música, mas nas capas que eram produzidas com exigência técnica de imagem.
Agô – Ainda no primeiro andar da Torre Mirante, o público irá se deparar e mergulhar no universo africano com a exposição ‘Agô’. A mostra fotográfica é de autoria da pernambucana Roberta Guimarães. Nela, o visitante irá encontrar 30 fotografias que revelam a natureza e o ambiente dos terreiros de umbanda da cidade do Recife (PE), além de vídeo informativo fruto de uma longa pesquisa da fotógrafa.
A curadoria da exposição é de Raul Lody, com apoio local da curadora geral da Estação Cabo Branco, Lúcia França. Esse trabalho foi registrado no livro “O Sagrado, a pessoa e o orixá”, lançado em 2014 em Recife. As fotografias mostram a grande influência africana na formação da identidade brasileira. É um mergulho nas particularidades dos rituais do xangô, assim como no vídeo que foi produzido pela artista.
Roberta Guimarães explicou que este trabalho não se limita à questão religiosa, mas trata de questões como respeito, solidariedade, com um forte componente de gênero. “No Xangô, o feminino e o masculino aparecem de forma mais livre. Um orixá masculino pode se manifestar em uma filha de santo”, disse.
Troncos Velhos e Galhos Novos – Ainda dentro do universo da cultura africana, temos a mostra ‘Troncos Velhos e Galhos Novos’ do fotógrafo Alberto Banal. A exposição, que retrata duas fases específicas do povo quilombola, representa a raiz da tradição (o antigamente), e a das crianças, que representa o grande potencial de futuro (o futuramente). Enquanto os anciãos carregam os valores da ancestralidade e garantem a continuidade da tradição, as crianças constituem uma geração chave e estratégica para o futuro que pode ser o começo de um novo tempo, como também a última etapa da dissolução de muitas comunidades.
As crianças, que aparecem nas imagens da exposição, fazem parte do Projeto Escrilendo, uma atividade da Associação de Apoio as Comunidades Afrodescendentes da Paraíba (AACADE), em parceria com Casas de Leitura, Casa dos Sonhos e os amigos italianos da Associação Uniti Per La Vita e do grupo Just Dance. O projeto incentiva o prazer da leitura e escrita, e propõe resgatar e reforçar a identidade cultural das comunidades quilombolas dos municípios de Matão, Matias e Pedra d’Água.
O Quilombo mais antigo do Rio de Janeiro – E para fechar a discussão sobre a temática africana, temos a exposição ‘O Quilombo mais antigo do Rio de Janeiro’ do fotógrafo Davy Alexandrisky. Nesta exposição, o visitante vai poder conferir 30 fotografias que narram à residência artística de três meses no quilombo mais antigo do Rio de Janeiro, chamado de São José, que está localizado na Serra da Beleza, em Valença. O quilombo abriga 150 descendentes de escravos que vieram do Congo, da Guiné e Angola, e que moravam nas terras da fazenda São José da Serra.
A exposição é um recorte do projeto “Quilindo Quilombo”, premiado no Edital Interações Estéticas pela Fundação Nacional das Artes (Funarte) em 2009. Segundo o fotógrafo, Davy Alexandrisky, o projeto tem o objetivo de traduzir em um pequeno número de fotos, toda a história de lutas, resistência, tradições e costumes do quilombo São José da Serra e seus quilombolas, é o maior e, ao mesmo tempo, mais delicioso desafio para um velho fotógrafo de publicidade.
Fúria da Sereia – Do outro lado, no prédio vizinho, na Galeria Luciano Agra, o público ainda poderá conferir a exposição ‘Fúria da Sereia’ do estilista Ronaldo Fraga, em colaboração com o projeto Sereias da Penha, do programa João Pessoa Artesã (JPA) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).
Nesta exposição, o público verá o trabalho artesanal criado em João Pessoa que foi transformado sob a perspectiva e olhar do design Ronaldo Fraga. Além de passear pelos conceitos da moda, a exposição ainda passa pelo universo da economia criativa, em que está abrindo portas para pequenos e grandes ateliês.
Por meio das peças autorais, criadas a partir do saber popular e da apropriação cultural, o público ainda reconhece a importância da preservação ambiental e dos ecossistemas a partir do reaproveitamento e ressignificação de materiais que fazem parte do dia a dia das comunidades de pescadores e que costumavam ser vistos como lixo ou sem valor econômico.
Serviço:
Exposições em cartaz:
Euforia em Preto e Branco
Música no Ar
As Flores de Plástico Não Morrem
Troncos Velhos e Galhos novos
Agô
O Quilombo mais antigo do Rio de Janeiro
Fúria da Sereia
Local: Primeiro pavimento da Torre Mirante e Galeria da Estação das Artes Luciano Agra, Altiplano.
Horários de visitação: Terça a sexta-feira – 9h às 18h
Sábados, domingos e feriados – 10h às 18h.
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