CULTURA
“Artista tem que ser doido”, afirma o cantor Alceu Valença
Artista fala sobre influências e carreira ao JORNAL DA PARAÍBA.
Publicado em 04/02/2018 às 15:01 | Atualizado em 15/02/2023 às 12:20
Com alma de artista multifacetado, Alceu Valença atende ao telefone cantando, como quem conversa com um amigo, relembrando hábitos antigos, como de imitar outras artistas. Cauby Peixoto, Luiz Gonzaga e até uma imitação em francês fazem parte do seu repertório. São marcas de seu jeito irreverente, mesmo aos 71 anos, um jeito de quem sabe que “artista tem que ser doido”, como o próprio afirmou. Alceu Valença vai trazer seus multitalentos para João Pessoa, na próxima quarta-feira (7), quando comanda o bloco das Muriçocas do Miramar.
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Como Alceu gosta de frisar , artista não pode ser careta, com o perigo de ser vendido. “A arte me alimenta muito mais do que feijão com arroz”, pontua, em entrevista pelo telefone ao JORNAL DA PARAÍBA. Quando perguntado o que o Alceu Valença de hoje diria para o Alceu que estava prestes a lançar o primeiro disco, ele afirma de maneira veemente: “lance-o!”
Seu talento nem sempre foi valorizado, já que som era proibido na casa dele. O pai dele só permitiu a entrada do som quando Alceu entrou na faculdade. “Meu pai nunca quis que eu fosse artista. Ele me afastou de todas as formas que podia”, lembrou . Apesar da tentativa do pai, sempre existiu a veia artística nele. Tanto que quando Alceu chegou ao Estados Unidos para fazer um curso em Harvard, acabou se aproximando da música de maneira natural.
Admiração na música
O artista enxerga a música pop atual de uma maneira crítica. “O brasileiro não valoriza o pop, é uma imposição”, explicou. Segundo ele, na Europa existem 22 tipos de festivais dedicados apenas ao Forró. Ele chamou atenção para o fato do “menu musical” ser tão vasto que fica até difícil para um jovem cantor conseguir ser ouvido.
Sobre inspirações e influência musical, Alceu é categórico: “não escuto música de outros artistas”. Ele prefere manter a sua originalidade do que deixar a sua música imitar obras de artistas que ele admira. “Admiração é bom até o momento que você deixa de ser você e passa a ser um subproduto”, completa lembrando que admira outros artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Luiz Gonzaga.
Personalidade de Alceu
O cantor e compositor revelou que sempre fez o que quis. “Eu me formei em Direito, trabalhei com jornalismo. Faço as músicas que quero e escolho meu repertório”, contou frisando que nunca cantou uma música que a gravadora impôs a ele. Segundo Alceu, ele desistiu da área jurídica por perceber que o cliente dele não tinha razão.
“Não pensava em ser artista, mas o povo gostava de mim”, afirmou. Ao perceber que a arte chamava por seu nome, Alceu se formou em Direito, entregou o diploma e o anel de formatura para o pai. Se mudou para o Rio e teve contato com diversos cantores e compositores. Foi onde conheceu Geraldo Azevedo, parceiro de seu primeiro disco, e Luiz Gonzaga, entre outros.
Para o futuro, Alceu não decepciona os fãs. Está sempre envolvido em diversos projetos e seu talento nunca se limitou à música. Ele, que já dirigiu filme, escreveu livro e trabalhou como jornalista, atualmente, faz planos para um documentário ficcional e biográfico. Ele prometeu músicas inéditas para o filme, além de trazer suas música já consagradas.
Serviço
Bloco Muriçocas do Miramar
Atração principal: Alceu Valença
Hora: 19h
Local: Av. Epitácio Pessoa
Evento gratuito
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