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CULTURA

As amargas lições de Pitty

Mantendo a característica de críticas e traduzindo um momento criativo de PItty, 'SeteVidas' chega às lojas neste mês de junho.

Publicado em 12/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:29

“Só nos últimos cinco meses / Eu já morri umas quatro vezes / Ainda me restam três vidas pra gastar”, diz os versos de SeteVidas (DeckDisc, R$ 29,90), novo disco de Pitty. Os últimos 5 anos foram de mudanças na vida da cantora baiana. O aclamado projeto Agridoce, com o guitarrista Martin Mendonça, agradou a um público grande e mostrou o lado folk de uma das caras mais famosas do rock no Brasil.

A morte de seu animal de estimação (a gata da capa do disco), a saída conturbada do ex-baixista Joe Gomes, a morte do seu amigo Peu Sousa. A metáfora felina se aplica a este e outros momentos recentes de Pitty. E as outras três vidas? “Pretendo gastá-las da forma mais produtiva possível. Me cuidando, criando, escrevendo, fazendo arte”, responde ao JORNAL DA PARAÍBA.

SeteVidas chega às lojas agora em junho, tanto em CD quanto em vinil e no formato digital para download. São dez faixas que traduzem bem o momento criativo de Pitty, com músicas mais pesadas e composições reflexivas. O novo trabalho fala de tudo um pouco. Mantendo a característica de críticas, a cantora aborda em suas letras materialismo (‘Deixa ela entrar’), capitalismo desenfreado (‘Boca aberta’, ‘A massa’) e incorpora a bandeira feminista falando sobre o momento de um orgasmo (‘A pequena morte’), além de expor emoções ao cantar sobre suas perdas em 'Lado de cá'.

Parte da carga sonora do disco vem da produção de Rafael Ramos (que produziu o recente disco dos Titãs, Nheengatu) e mixagem feita por Tim Palmer (que mixou o clássico grunge Ten, do Pearl Jam, e trabalhou ao lado de músicos como David Bowie e Ozzy Osbourne) e masterização de Ted Jensen (já fez trabalhos para Muse, ArcadeFire, Norah Jones e Paul MacCartney).

“Fluíram muito bem. Foi uma experiência incrível ver esses caras trabalharem, o jeito que eles tiram som, a linguagem. Com certeza são parte importante do resultado sonoro desse disco”, comentou Pitty a respeito dos técnicos estrangeiros.

SeteVidas foi gravado ao vivo, em estúdio, em São Paulo, e traz Martin Mendonça (guitarra e vocal de apoio), Duda Machado (bateria) e Guilherme Almeida (baixo) na formação.

AMADURECIMENTO

Desde o seu disco anterior, Chiaroscuro, é notável o amadurecimento musical da cantora. O pop-rock presente em hits com 'Me adora', que estourou nas rádios brasileiras em 2009, deu espaço a um som mais de garagem e até um pouco progressivo.

"Senti muitas mudanças nestes cinco anos. Foi um período de muito aprendizado. Até a própria distância te faz olhar para as coisas de forma diferente, de fora. E enquanto isso estava praticando outras sonoridades, outras escritas, outras relações.

Foi um período muito rico e essencial", disse a cantora.

Neste período, Pitty aproveitou para ouvir novidades ou se apegar a algum tipo de som, de Clara Nunes a Queens of the Stone Age. “Ouço tanta coisa diferente, de estilos e épocas diferentes que não sei se no final algo fica evidente como inspiração. Acho que tudo soma de alguma forma, mas na hora de fazer, pra mim e pra banda, é essencial buscarmos identidade”, refletiu.

O disco pode ser resumido como uma psicodelia experimental, que carrega o rock de garagem, música flamenca e até batucada candomblé.

Pitty conseguiu se consolidar no rock nacional desde 2003, com o lançamento de Admirável Chip Novo. A personalidade forte da cantora se deixou transparecer em cada composição e guiou mulheres do país para o caminho independente. “Volta e meia ouço alguma banda com vocal feminino ou trabalhos solo, sempre tem alguém fazendo alguma coisa legal”, afirmou.

Pitty planeja agora levar esse trabalho ao público em shows.

“Quero cair na estrada! Levar essa turnê para todos os lugares possíveis, estou com fome de palco. Tomara que role logo um show aí (na Paraíba). Saudade dessa terra boa”.

Imagem

Jornal da Paraíba

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