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CULTURA

As lições de Pernambuco

Influência pernambucana no Movimento Tropicalista, são abordadas em livro, que está sendo escrito pelo jornalista e escritor José Teles.

Publicado em 21/02/2012 às 6:30


Em entrevista ao jornalista Sílvio Osias para o extinto jornal O Norte, no distante ano de 1998, Caetano Veloso afirmava que o Tropicalismo era “filho da lição de Pernambuco”. Quatorze anos depois, o escritor e jornalista José Teles, autor de Do Frevo ao Manguebeat (Ed. 34) e Lá Vêm os Violados! (Bagaço), pretende publicar um livro revelando como se deu essa lição, não só em Pernambuco, mas também na Paraíba e Rio Grande do Norte, que também ajudaram a forjar a base sonora e estética para o movimento que dominou a música popular no fim dos anos 1960.

O livro tem o nome provisório de Debaixo das Bananeiras, Longe dos Laranjais e está em uma fase bastante embrionária.

“Eu ainda estou na fase de pesquisas”, afirma José Teles, paraibano de Campina Grande, mas radicado desde criança no Recife. “Já estou nessa pesquisa há três anos em jornais daqui e pretendo ir a João Pessoa falar com as pessoas envolvidas no movimento”, informa de sua casa, na capital pernambucana, sem adiantar nomes.

O jornalista parte do pressuposto de que, para conceber suas músicas revolucionárias, tanto Gilberto Gil quanto Caetano Veloso, entre outros, beberam da cultura popular do Recife, por onde passaram nos anos 1960, antes do Tropicalismo eclodir em São Paulo, em 1968. “Gil passou dois meses aqui (no Recife) em 1966, antes de lançar o primeiro disco.

Apresentaram a ele o caboclo de lança, a banda de pífano, o coco, o caboclinho, o maracatu... ele pirou! Pensou em reunir toda essa riqueza do povo com as novidades da Europa”.

Da mesma forma, assinala Teles, Caetano conheceu a ciranda na casa do pintor e escultor Tiago Amorim, quando foi pela primeira vez ao Recife fazer um show. “Quando ele voltou para casa, fez ‘A rosa vermelha’, que gravou com Ronnie Von”, exemplifica o jornalista.

João Pessoa e Natal também integravam esse movimento.

“Houve muito debate, happenings, usou-se cinema, poemas-processo e irritou os conservadores. O (movimento) Armorial é praticamente uma reação a esta movimentação”, afirma Teles.

Os baianos acabaram por frequentar a capital pernambucana em um período de ideias culturais efervescentes, idealizadas, naquela segunda metade dos anos 1960, pelo jornalista e cineasta Celso Marconi e pelo professor universitário e agitador cultural Jomard Muniz de Brito. Daí nasceram três manifestos, o mais famoso deles, o ‘Inventário do Feudalismo Cultural Nordestino’, assinado por gente de Recife, João Pessoa e também por Caetano e Gil.

“O que dá para entender é que havia, no ar, uma vontade de mexer com as estruturas arcaicas da cultura pernambucana, paraibana, etc.”, conta José Teles. “O grupo pernambucano já vinha de uma tentativa frustrada, que foi a participação do governo Arraes no Movimento de Cultura Popular”, acrescenta.

Ele aponta que Recife era bem movimentada com músicas como ‘Calabar’ (anterior à de Chico Buarque), cantadores, Naná Vasconcelos, Edy (depois Edy Starr), Teca Calazans e Geraldo Azevedo, entre outros.

“A movimentação já existia quando começou a se falar em Tropicalismo”, afirma. “Eles já tinham a coisa formulada, o que não foi o caso de Gil, Caetano, do próprio Tom Zé, que nem sabia que tinham começado um movimento", comenta o escritor, para arrematar: "Digamos que o Tropicalismo foi de 1967 a 1969, mas os baianos só passaram a teorizar sobre ele no final de 68, começo de 69”.

‘UDIGRUDI’
Além do tropicalismo, Debaixo das Bananeiras, Longe dos Laranjais vai abordar o movimento underground do Recife nos anos 1970, que surgiu em decorrência do Tropicalismo pernambucano. “Este é o nome de uma música de Aristides Guimarães, que foi do LSE - Laboratório de Sons Estranhos, defendida em um festival, aqui, por Edy Souza, ou Edy Starr, em 1968”, informa, para arrematar. “Os laranjas, claro, se refere à elite conservadora”.

“O movimento ‘udigrudi’ mais consistente do Brasil foi no Recife”, afirma José Teles. “A gente tinha a Rozenblit (famosa fábrica de discos sediada no Recife) e ninguém mais no Brasil gravaria, no começo dos anos 1970, uma loucura Paibêru (de Zé Ramalho e Lula Côrtes)", encerra.

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Jornal da Paraíba

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