CULTURA
Astier Basílio lança seu sexto livro de poesias nesta terça
Jornalista lança nesta terça-feira (16) em João Pessoa o sexto livro de poesias de sua carreira de escritor, “Eu Sou Mais Veneno que Paisagem”.
Publicado em 15/09/2008 às 18:58
Phelipe Caldas
O jornalista Astier Basílio, repórter do Jornal da Paraíba e bloguero do Paraiba1, lança nesta terça-feira (16) em João Pessoa o sexto livro de poesias de sua carreira de escritor, “Eu Sou Mais Veneno que Paisagem” (70 páginas, Editora Câmara brasileira de Jovens Escritores).
O lançamento do livro está dentro da edição de setembro do projeto “Tome Poesia, Tome Prosa” que será realizado a partir das 20h30 no Restaurante Sagarana (avenida Cabo Branco, 3056). No mesmo evento, a escritora paulista Maria Valéria Rezende lançará "No Risco do Caracol", um livro de poesias voltado para o universo infantil.
Pernambucano, radicado em Campina Grande por muitos anos e atualmente morando em João Pessoa, o poeta de 30 anos explica que o livro marca um momento no seu trabalho dedicado à “poesia de pensamento”, em que a música, o som e o ritmo dos poemas estão subordinados à idéia e ao pensamento.
“Através de outros escritores e de reflexões bem particulares eu faço uma análise sobre a forma de pensar o mundo. As gerações anteriores tinham duas opções de blocos e muitas vezes preferiam ficar em cima do muro, enquanto que atualmente prevalece um mundo em via única, sem blocos nem muros. Então eu simplesmente levanto alguns questionamentos sobre esta realidade”, destaca, ressaltando que ao invés de chegar a conclusões, levanta ainda mais dúvidas ao longo do livro.
Ao ser incitado a fazer uma auto-análise sobre este último livro, Astier explica que tem uma espécie de desapego aos trabalhos mais antigos, de forma que sua tendência é sempre gostar e ter uma relação mais próxima de seu último trabalho. “A poesia que eu mais gosto é sempre a última que eu escrevo”, define.
Sobre os poemas presentes no livro, Astier diz que existe um diálogo muito grande entre poesia e outras artes. Apesar de poeta, Astier explica que a poesia é a arte que menos o empolga e que ele encontra no teatro, na literatura e no cinema uma “energia criadora muito intensa”.
Ainda de acordo com o autor, os poemas são todos muito curtos, nunca ocupando mais de uma página e sempre com um caráter reflexivo muito intenso.
O próprio Astier Basílio indica um dos poemas como aperitivo:
vazio em zoom, microfonias no escuro
Meu testamento só terá perguntas.
Deserto de veredas que se bifurcam
Os territórios, os limites e as últimas
verdades destruídas e em seu lugar só dúvidas
e mais dúvidas me completam, continuam
-me. O direito ao outro, só quando o outro usa
a minha ou outra margem ou se ele aceita uma
igualdade de ser contra. Em verdade única,
procissão em contra-mão que cruza
o novo milênio, a nova era. O que há nas ruas,
no tempo não cabem nos escritos. Só rasuras,
remendos, espelhos se olhando, rupturas
se repetem - se estruturam. O bem e o mal camuflam-se
moeda em câmbio flutuante que muda
comunicação, curto-circuito, dubla
ventríloquos de fantasmas. O anticânone, o antinunca
são o que destroem, são o que derrubam:
terrorismo a erguer suas torres dúbias.
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