Atriz Arlete Salles se destaca em ‘Babilônia’

A matriarca da família Pimenta acoberta o filho, manda na nora e atormenta a vida da neta, além de espalhar ao vento que é uma mulher de moral e bons costumes. É assim que Consuelo, vivida pela experiente atriz Arlete Salles, tem se destacado na novela ‘Babilônia’ (Globo). Nas redes sociais, a personagem já ganhou o título de “a sogra mais mala do horário nobre”. “Ela, como sogra, pode ser mala mesmo. Mas é, acima de tudo, uma personagem divertidíssima. E apesar de todos os seus defeitos, a Consuelo acaba protegida pelo cinto de segurança da comédia”, diz Arlete.

Perua, Consuelo tem cometido uma gafe atrás da outra tentando ser uma mulher chique. Além de tomar atitudes extremas, como quando obrigou a neta, Laís (Luisa Arraes), a provar sua virgindade. Tudo, segundo ela, em nome da fé. “A Consuelo é uma pessoa hipócrita. Existe a verdade dela e a verdade dos outros. Ela é uma pessoa de duas caras e não tem nenhum compromisso com a coerência nem com a ética. E ela acha que está certa”, comenta Arlete, que diz ter uma relação diferente com a crença religiosa. “Eu sou uma mulher de fé, e isso me ajuda muito a superar os meus desafios. Eu acredito que a fé seja um grande abrigo”, complementa a atriz, que, em novembro do ano passado, se submeteu ao tratamento de câncer de mama e está recuperada.

Embora as atitudes arcaicas de Consuelo possam chocar, Arlete acredita que muitos telespectadores se identificam com a personagem. “A Consuelo acaba sendo o tipo de pessoa com quem alguém se identifica. E, logo, essas pessoas podem refletir sobre suas atitudes. Se isso acontece é muito gratificante, afinal, esse é o trabalho e o objetivo de um ator”, diz. “Acho que os telespectadores gostam de rir e se divertir, e essa acaba sendo a grande blindagem de Consuelo.”

O que também chama a atenção para a trama da matriarca é o fato de ela acobertar as ilegalidades do filho, Aderbal (Marcos Palmeira), prefeito de Jatobá. A matriarca chega até mesmo a esconder as amantes dele. Segundo Arlete, a relação de mãe e filho é intrigante. “Eu não sei como os autores conduzirão esse relacionamento, mas eles devem ser punidos em algum momento”, torce. “Independentemente do que acontecer com o Aderbal, ela vai junto. Afinal, ela é a mentora intelectual desse filho. Eles podem passar por turbulências, mas não se separarão. Ela é mãe daquele filho, e aquele filho é dela.”

Diante da tirania de Consuelo, a neta, Laís, tem de namorar o ateu Rafael (Chay Suede) às escondidas, e a nora, Maria José (Laila Garin), não consegue ter voz ativa dentro da própria casa. “Deve ser horrível ter uma avó e uma sogra assim. A Consuelo diz que faz isso para proteger a família, mas, na verdade, ela só pensa na carreira política do filho. A Consuelo não conseguiu grandes coisas da vida, somente esse filho, e ela se realiza por meio dele”, fala Arlete. “Tem gente que é assim: dona da verdade das pessoas à sua volta e de seus familiares. Gente que acha que tem direito de conduzir a vida do outro”, completa.

Criticada, a trama da família Pimenta foi uma das que se beneficiaram com as mudanças de ‘Babilônia’, que vem amargando a audiência média de 25 pontos, segundo o Ibope (cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande SP). Aderbal acabou se tornando alvo do interesse das protagonistas Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves). “Em uma novela, trabalhamos sempre no sentido de agradar e conseguir êxito, e as críticas fazem parte disso. Eu sigo o meu trabalho com seriedade, independentemente disso”, comenta a veterana.