icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

Aurélio Buarque de Holanda completaria 100 anos nesta segunda

Novo Dicionário da Língua Portuguesa foi a obra mais importante, mas não a única, de Aurélio Buarque de Holanda.

Publicado em 02/05/2010 às 11:17

Por Astier Basílio
Do Jornal da Paraíba

O nome dele virou sinônimo de dicionário. Sem dúvidas, a publicação, em 1975, do Novo Dicionário da Língua Portuguesa foi a obra mais importante, mas não a única, de Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989). Nesta segunda-feira (3), comemora-se o centário do escritor, imortal da Academia Brasileira de Letras, que além do dicionário também foi um importante ensaísta, tradutor, contista, poeta bissexto e memorialista.

Nascido na cidade de Passo de Camaragibe, em Alagoas, foi na capital Maceió, entre os anos de 1920 e 1930, que Aurélio Buarque manteve contato com uma turma de grandes literatos que moravam na capital alagoana, entre os quais, o seu grande amigo, o paraibano José Lins do Rego.

No documentário sobre o autor de Menino de Engenho, dirigido por Vladimir Carvalho, o escritor Carlos Heitor Cony contesta a liderança de São Paulo como principal cidade do modernismo brasileiro e lembra que em Maceió moravam Jorge de Lima, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Aurélio Buarque de Holanda.

“O dicionarista obscureceu o escritor”, alerta o poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho. Não custa nada lembrar que a primeira obra de Aurélio foi Dois Mundos, um volume de contos, de 1942.

Seu talento como narrador foi atestado pelo colega Gracialiano Ramos, que o selecionou em sua Antologia do Conto Brasileiro, obra em três volumes. Buarque participa no volume dedicado ao Nordeste com o conto ‘Retrato de Minha Avó’. “Aqui já é possível perceber a preocupação do filólogo. O narrador percebe que a sua avó fala palavras arcaicas, o que confere uma certa poeticidade”, explica Hildeberto.

Em colaboração com Paulo Ronái, Aurélio Buarque traduziria muitos contos de autores consagrados da literatura universal na coleção Mar de Histórias. Ele também traduziu poesia em Pequenos Poemas em Prosa, de autoria do grande poeta francês Charles Baudelaire.

Por falar em poesia, o famoso dicionarista também se arriscou no gênero. Outro grande gigante da literatura, o poeta Manuel Bandeira, o selecionou para outra antologia, desta feita a Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, em 1946. Dele foi publicado “Soneto”, em que se lê: “Amar-te – não por gozo da vaidade,/ Não movido de orgulho ou de ambição, / Não à procura da felicidade,/ Não por divertimento à solidão // Amar-te – não por tua mocidade/ – Risos, cores e luzes de verão –/ E menos por fugir à ociosidade,/ Como exercício para o coração (...)”.

Na avaliação de Hildeberto, todavia, um dos aspectos mais importantes da obra de Aurélio Buarque de Holanda é o ensaístico. “Ele escreveu um livro muito importante, Território Lírico”, avalia. “Ele exercita a leitura de poemas e se notabilizou como um grande leitor de poesia. Um exemplo de uma brilhante leitura é a que ele faz do poema ‘Cancão do Exílio’, de Gonçalves Dias”, destaca Hildeberto. “Aurélio faz uma microleitura. Neste poema mesmo, ele discorre sobre a importância de uma vírgula”.

Outro destaque da atividade literária de Aurélio Buarque de Holanda é o memorialismo. Hildeberto Barbosa recorda que o alagoano foi selecionado como autor para um dos volumes editados pela José Olympio na coleção Seleta em Prosa e Verso. “Aqui, neste volume, nós temos um belo perfil que ele faz de José Lins do Rego, de quem era grande amigo e a quem as primeiras partes do romance Menino do Engenho eram enviadas”.

A amizade entre os dois foi constatada por Vladimir de Carvalho. “Eu era repórter do Diário de Notícias, no Rio de Janeiro. Estava esperando o fotógrafo, no carro da redação, e vi aquela figura”, recorda. “Perguntei para onde ele iria e ofereci carona”. Vladimir disse que havia conversado amenidades com o imortal, falou que era amigo de Joaquim Campelo, um dos integrantes da equipe do dicionário.

“No final, notando meu sotaque, ele perguntou de onde eu era, respondi que da Paraíba”, lembra Vladimir. Aurélio, então comentou: “Ah, você é da terra de Zé Lins, que dizia dele próprio, – com Zé Lins não há quem possa!”.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp