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CULTURA

Balaios poéticos de um 'atirado' na vida

Publicado em 18/12/2011 às 8:00


João Theotonio de Carvalho, mais conhecido como Seu Theo, no alto de seus 84 anos, não para de produzir. Um dia desses, ligando o televisor às duas da madrugada, se deparou com Toquinho cantando o be-a-bá de 'O caderno'. Não hesitou em escrever – depois de seus ouvidos se encherem de inspiração melódica – o poema 'O livro', presente na sua coletânea Balaio Nordestino (Independente, R$ 20), que lança amanhã, às 17h, na Casa Napoleão Laureano, a Câmara Municipal de João Pessoa. O escritor também receberá o título de 'Cidadão Pessoense'.

“Eu me denomino um cidadão trabalhador que se fez poeta na melhor idade”, define o paraibano natural de Rio Tinto.

Foi no município do Litoral Norte do Estado, mais especificamente na Rua da Aurora, nos anos 1940, que o garoto se via cercado de operários amigos de seu pai para jogar luz com suas leituras de jornais sobre o que estava acontecendo com os aliados durante a Segunda Guerra Mundial. “Sempre gostei de ler jornal”, relembra.

Seu Theo também escrevia a próprio punho o jornalzinho do grêmio escolar, onde os alunos liam nos corredores durante o intervalo.

Aos 12 anos, foi para João Pessoa e fez curso de Mecânica de Máquinas na Escola Técnica. Foi para o Rio de Janeiro no começo dos anos 1950 trabalhar como servente de pedreiro, mas as letras sempre o encontravam novamente. “Lembra daquele filme, o Central do Brasil? Eu vivi aquilo ali”, afirma altivo, quando ia para o barracão ler o seu habitual jornal e os pedreiros pediam para ele escrever cerca de 20 a 30 cartas por dia sobre os mais diversos assuntos.

Admirador de Augusto dos Anjos (1884-1914), ele não almeja chegar aos pés do poeta. “Sou um 'atirado' na vida que faz repente ligeiro.”

Entre as poesias organizadas pela jornalista baiana Suely Dias, os costumes e o folclore representadas na cultura cordelista, na musicalidade e a religiosidade nordestina. “A maioria desses poemas é direcionado ao Sertão, apesar de não ser um sertanejo”, confessa.

Casado com Dona Iraci, os frutos de sua união de 56 anos, seus oito filhos, foram que incentivaram para ele publicar o Balaio Nordestino. Como o velho provérbio chinês do homem escrever um livro, ter filhos e plantar uma árvore, o ciclo de Seu Theo se fecha: “Já plantei diversas árvores por aí.”

Mas Seu Theo não para. Já está preparando Sonetos Simples e Sensatos, reunindo suas 138 composições poéticas inéditas.

Serviço

• BALAIO NORDESTINO. Na Câmara Municipal de João Pessoa (R. das Trincheiras, 43, Centro, João Pessoa – Tel.: 3218.6376), nesta segunda-feira, às 17h. Gratuito.

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Jornal da Paraíba

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