CULTURA
Banda 'O Terno' faz uma noite de rock 'n' roll com elementos psicodélicos na capital
Antes de desembarcar no Lollapalooza, O Terno chega a João Pessoa para mostrar porquê se tornou a revelação musical de 2014
Publicado em 07/02/2015 às 10:35 | Atualizado em 22/02/2024 às 19:38
Os filhos da vanguarda. Um sopro de renovação do rock brasileiro. O bom e velho rock retrô. Os adjetivos não param de surgir, de várias partes do país, para definir O Terno, trio de jovens músicos paulistas, cujo segundo disco, o independente O Terno, figurou entre os melhores de 2014.
Pela primeira vez no Nordeste, o grupo desembarca neste sábado, em João Pessoa, para sua estreia na Paraíba. O Terno coroa a nova edição da festa Indie Sessions ao lado da local Glue Trip na Vila do Porto, Centro Histórico da capital. Os ingressos, já à venda na Cromo Soma (Epitácio Pessoa, 3634) e na própria Vila do Porto, custam a partir de R$ 25,00 – veja serviço completo na página 4.
Formada em 2009 por Tim Bernardes (voz e guitarra), Guilherme d’ Almeida (baixo) e Victor Chaves (bateria), O Terno bebe da safra 60/70 produzida pelos Beatles, Beach Boys e Mutantes, com a urgência na guitarra, a firmeza da batida e os efeitos psicodélicos inseridos por overdubs, executando um repertório autoral com bastante vigor, talento e criatividade.
“Esses rótulos, às vezes, ajudam a dar uma mini-direcionada para o que é o som, mas eles são meio furados”, comenta Tim, por telefone, a bordo de uma van que levava o trio do aeroporto para o hotel, em Maceió (AL), onde começou a turnê pelo Nordeste, quinta-feira passada.
“Não acho que a gente faça um som retrô”, protesta Tim, que é filho de Maurício Pereira, da banda cult Os Mulheres Negras. “(A gente) tem um monte de influências dos anos 60 e 70 para os timbres, que é meio a roupagem para composições que são mais contemporâneas. Basicamente é um power-trio de rock ‘n’ roll mais experimental”, define.
Garotos de 20 e poucos anos, os três se identificam com a tropicália de Caetano, Gil, Mutantes e Tom Zé – que não só gravou com o trio em seu EP, Tribunal do Feicebuqui, como retribuiu, participando do disco dos garotos –, assim como Clube da Esquina “e bandas novas que também têm esse pé em alguma influência antiga”, acrescenta o vocalista, citando Tame Impala, Fleet Foxes e Black Keys. “Muita banda gringa é referência pra gente de som, timbre, mais na composição do que na letra, que a gente compõe em português”.
“O Mulheres Negras, assim como os Mutantes, e acho que tem n’O Terno também, trazem essa coisa da música com senso de humor, mas não é uma música de humor. Não é o Mamonas, sabe?! Eu acho legal esse negócio de tirar um sarro de leve, só pra quebrar essa dureza do blasé indie de hoje, de poder rir da sua própria cara e poder falar sério na música seguinte”, explica.
Para o show de logo mais, o grupo promete misturar músicas dos dois discos – 66 (2012) e O Terno (2014) – mais faixas do EP Tic Tac – Harmonium, lançado entre um disco e outro.
O primeiro registro foi gravado em apenas dois dias, com arranjos simples e diretos. “Uma vez que a gente lançou um disco cru, a gente ficou na fissura de fazer o disco seguinte mais experimental, mais caprichado”, recorda Tim.
Para o segundo trabalho, os integrantes levaram 20 dias para gravar as 12 faixas do repertório (11 delas escritas solitariamente por Tim), além de outros 20 para mixar. “Não é à toa que esse segundo disco se chama O Terno; além de ser o primeiro disco totalmente autoral, foi primeiro disco de estúdio de verdade”, avalia.
O álbum tem faixas como o bregão ‘Bote ao contrário”, que abre o disco antes de entrar na pegada firme de ‘O cinza’, o deboche de ‘Ai ai como eu me iludo’ e a ótima ‘Eu confesso’, além de ‘Vanguarda?’, em que o trio critica modismos indies, ao mesmo tempo que rejeita o rótulo. “'Filhos da vanguarda'/ Pra poder vender/Faz canção bonita / Prensa um LP”, diz um trecho da letra.
Escalados para o Lollapalooza Brasil, que acontece dias 28 e 29 de março em São Paulo, Tim conta que ele, Gabriel e Victor esperam ver alguns de seus ídolos, entre eles Jack White e St. Vincent. “O line-up nacional também é legal. Tem o Boogarins, a Baleia...”, sinaliza.
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