CULTURA
Bandas covers apostam em retrospectiva de sucessos do passado
Bandas como Travolta, Old Boys, Vinil Vermelho e Autopista levam o repertório dos sucessos da década de 50 aos anos 90 ao palco para animar o público.
Publicado em 16/11/2008 às 14:08
Giselle Ponciano, do Jornal da Paraíba
Nos últimos tempos, se divertir na noite pessoense pode seguir o critério da música de qual década se quer ouvir. É que algumas bandas adotaram estilos baseados nos hits de sucesso de determinadas épocas, que vão dos anos 1950 até os anos 1980. Há variação e inovação para todo gosto, chegando inclusive a músicas e trilhas sonoras que povoam o imaginário de quem foi criança ou adolescente há mais de vinte anos.
A explicação para o surgimento dessas bandas, indicam os músicos, seria a necessidade de sobressair-se na noite de João Pessoa em meio a uma grande quantidade de grupos que tocam apenas o atual pop rock internacional ou nacional.
“João Pessoa é carente de rock mesmo. A gente só encontrava punk rock, rock pop ou música eletrônica, bate-estaca”, destacou o vocalista da banda Travolta, Duda Gomes. O baixista da Autopista, Vladmir van Dijck, também ressaltou que o forró, o axé e o samba são os gêneros predominantes nas novas casas de shows que abrem na cidade.
“Sofremos com falta de espaço para tocar. Há dois anos tínhamos uns seis locais, entre bares e boates, no circuito da praia. Hoje esse número se resumiu a dois. Então lançar uma proposta musical que se diferencie é melhor”, acrescentou.
O pessoal da banda Oldboys também teve a idéia de criar a banda em função da observação do que rola na noite pessoense. “A cena tem muito pop rock moderno. Então recolhemos as músicas antigas dando uma nova roupagem”, contou o guitarrista Marcos Vasconcelos, da Oldboys.
Uma curiosidade sobre essas bandas é que boa parte do público para o qual elas se apresentam não curtiram as músicas que eles tocam porque eram crianças ou ainda não haviam nascido, em alguns casos.
Para Duda, esse pode ser um sinal de que a música atual não está agradando tanto. “Não sei se é falta de musicalidade ou de criatividade, mas a meninada de hoje está preferindo gêneros de outras épocas mesmo”, disse. Também tem a questão da força das músicas de outras décadas, completou Van Dijck, “que continuam fazendo sucesso até hoje, independente da faixa etária, pois música boa é música boa em qualquer época”. Para se ter uma idéia, a Travolta já tocou até em festa de 15 anos.
Marcos lembrou justamente pelo resgate do passado, as bandas têm um público mais amplo, “porque os mais velhos já conhecem e os mais novos também porque tocamos verdadeiros clássicos do rock”.
Autopista
O forte da banda são as músicas dos anos 1980, mas o grupo também passeia pelas músicas dos anos 1970, fazendo um mix de discoteca com new wave. A linha é o “revival dançante”, como definiu o baixista Vladmir van Dijck, “mas dependendo do show, colocamos algo atual, um pouco de hip hop mais compatível com a dança”.
Ele garante que a repercussão da banda é muito boa, justamente pelo fato do repertório ser selecionado “a dedo”, resultando no melhor de cada época. “São músicas que estão na mente de todo mundo, de qualquer idade, mesmo não tendo nascido nessas décadas”, afirmou.
Estão nos palcos desde 2005. Os outros componentes da banda são Kiko Bucat e Marcella Maul, nos vocais, Elton Vegas, na guitarra, Kleber Nascimento na bateria e André Oliveira nos teclados.
Travolta
“Se você analisar, as bandas de rock que continuam fazendo sucesso são aquelas mesmas dos anos 1980”, apontou o vocalista Duda Gomes, como uma das justificativas para definir o gênero da Travolta. A outra é o fato dos próprios componentes sentirem falta de músicas dessa década para dançar e se divertir. “Não tinha um R.E.M., um INXS, aí surgiu a vontade de tocarmos isso”, reforçou.
Com sete anos de existência, a Travolta tem um público que vem se renovando. Tocam em boates e até em festas de casamento e de 15 anos. “Nesse caso, são para pessoas que querem fugir da informalidade e querem algo diferente, mais animado”, contou.
O repertório é baseado no rock internacional dançante dos anos 1980, como A-Ha, Tears for Fears, Madonna, Michael Jackson. Um pouco do rock nacional, de Barão Vermelho, Cazuza, Legião, Ira e Lulu Santos, também faz parte do show do grupo. No palco Duda é acompanhado por Walter Guimarães (guitarra e vocal), Pedrinho (contra-baixo e voz) e Júnior Punk (bateria).
Vinil Vermelho
A banda estreou este ano e sempre que se apresenta é sucesso de público. A fórmula usada se define por uma palavra: diversão. Na verdade, eles mexem com o lúdico de quem foi criança, adolescente ou jovem entre a década de 1970 e 1980.
É que eles tocam músicas como “No meu sonho eu já vivi um lindo conto infantil/Tudo era magia/Era um mundo fora do meu/ E ao chegar desse sono acordei/Foi quando correndo eu vi um cavalo de fogo ali”. Reconheceu? Se não, você realmente não foi criança na década de 1980. Essa é a canção de abertura do desenho animado Cavalo de Fogo.
Ainda fazem parte do show músicas de outros desenhos (como Thundercats, He-Man, She-Ra, entre outros), trilhas de filmes “de sessão da tarde”, do Balão Mágico, do Trem da Alegria, Angélica, Xuxa e Paquitas, dentro do gênero infantil. O lado romântico dos anos 1980 também está representado por Wando e Fábio Júnior, por exemplo. Há também Dominó e Polegar.
“As pessoas cantam do início ao fim, todo mundo conhece nem que seja uma parte de cada música, afinal misturamos tudo, mexendo com o passado”, disse a cantora Mira Maya, que na banda se transforma em Mira Maravilha.
Os nomes adotados pelos componentes da Vinil Vermelho, aliás, fazem referência a esse imaginário dos anos 1980: Jorge Trilambida (teclado), Cris Futlucena Lauper (baixista), Brígio Bardo Fonda Júnior (guitarra base), Starley Werton (guitarrista), Rick Vigarista (bateria) e Alex Kid Rock (cantor). Além disso, eles se apresentam caracterizados por personagens de desenhos animados.
Oldboys
A banda (foto) existe desde janeiro de 2007 e com estilo pop rock internacional das décadas de 1950 a 1970. A base principal é Beatles, Elvis Presley e Rolling Stones, Dick Dale, The Knack, Steppenwolf, Creedence Clearwater Revival, James Brown, Ray Charles, The Monkees, The Ventures, The Wonders, Johnny Rivers e Chuck Berry, entre outros, completam o repertório.
“É impossível não ser contagiado com o ritmo e balanço de Elvis Presley, James Brown, ou mesmo conseguir resistir a ritmos como o twist, que quando tocados em qualquer ambiente contagiam e divertem todas as gerações”, observou Marcos, lembrando que a banda procura dar uma roupagem moderna às músicas.
Os componentes da Oldboys são Gustavo Figueiredo (vocal), Gustavo Carvalho (guitarra), Marcos Vasconcelos (guitarra), Flávio Perazzo (baixo), Rodrigo Melo (bateria).
Retrohollics
O auge dos ritmos dos anos 1970 são a tônica da banda Retrohollics, com ênfase para as músicas de Pink Floyd, Rolling Stones, Beatles, Led Zeppelin, Iron Maiden, Kiss, AC/DC e Queen. A idéia é pegar os maiores hits da década, que incluem ainda sucessos executados até o início dos anos 1980.
“Tocamos os clássicos dessa época e a resposta do público é muito boa”, contou o vocalista Bruno Trindade, que se apresenta na companhia de Degner Queiroz (baixo), Valter Pedrosa (guitarra) e Vítor Rocco (bateria), juntos há apenas nove meses. Para Bruno, quanto mais as bandas se diferenciarem entre si, melhor, pois a cidade vai ganhar uma cena musical com diversidade. “Infelizmente o rock em João Pessoa é muito igual”, completou.
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