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CULTURA

Banquinho e MPC

Em entrevista ao Jornal da Paraíba, Gilberto Gil fala sobre o seu novo disco, que tem a produção assinada por Bem Gil e Moreno Veloso.

Publicado em 18/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 19/01/2024 às 15:24

Foi na Austrália, em meio aos aborígenes, que Gilberto Gil teve a epifania de seu novo disco, Gilbertos Samba, o primeiro pela Sony Music. “Há muitos anos, venho adiando um trabalho em cima do samba e, uma noite, há uns anos atrás, quando eu estava fazendo o filme Viramundo (ainda inédito por aqui), estávamos filmando na Austrália com os aborígenes e eu comecei a dedilhar a música ‘Aos pés da cruz’ e lembrei de João Gilberto, que tinha gravado o samba. Veio a associação de sambas com João e saiu a ideia do Gilbertos Samba”, explica o músico em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.

Sob a produção de Bem Gil e Moreno Veloso (filhos de Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente) e escudado pelos herdeiros musicais dos tropicalistas – entre eles Domênico, Mestrinho, Pedro Sá e Rodrigo Amarante - Gilbertos Samba passeia pelo repertório imortalizado por João ao longo de 10 faixas, procurando novos caminhos que os traçados à perfeição pelo pai da bossa nova.

Para isso, Gil utiliza o know-how contemporâneo de Bem e Moreno, que amparam o violão do autor de ‘Aquele abraço’ com uma sutil base eletrônica, por onde passam os MPCs (misto de bateria eletrônica e sampler) pilotados por Domênico, acordeão (Mestrinho), glockenspiel (espécie de xilofone sofisticado), flauta, clarinete e violino.

Embora reverente ao legado original, as roupagens modernas poderiam soar como um disco tropicalista de João Gilberto, ou um álbum bossa nova de Gil. “Nem bem uma coisa, nem outra”, desconversa o baiano. Mas o fato é que a produção de Bem e Moreno, sob a direção musical de Gil, conduziu o repertório a uma sonoridade extremamente contemporânea, sem perder o foco no banquinho e no violão.

“Tanto o Bem quanto o Moreno são admiradores de meu violão e de João Gilberto. Eles têm uma pegada bacana da geração deles e achei que teríamos um resultado interessante unindo esse repertório e as ideias dos garotos”, comenta.

Todas as fases do filho ilustre de Juazeiro (BA) – que não gravou mais que uma dúzia de álbuns e segue recluso em seu apartamento, no Rio de Janeiro - estão representadas no disco de Gil. Estão lá desde os grandes clássicos joãogilbertianos, como ‘O pato’, ‘Desafinado’ e ‘Doralice’, até a aproximação de João Gilberto com os tropicalistas baianos, quando regravou ‘Desde que o samba é samba’, de Caetano, e ‘Eu vim da Bahia’, do próprio Gil.

‘Aos pés da cruz’, que abre o CD, ganhou uma breve citação a ‘Samba do avião’, de Tom Jobim, e Gil ainda incluiu duas canções inéditas no repertório, ambas dele: a instrumental ‘Um abraço no João’ e ‘Gilbertos’, fechando o disco com 12 números.

‘Gilbertos’ fala de mestres e aprendizes, colocando entre os primeiros Dorival Caymmi e João Gilberto, e entre os segundos, “um Francisco, um Caetano, algum Roberto”, referindo-se a Chico Buarque, Caetano Veloso e Roberto Carlos.

“Eu sou totalmente discípulo de João e de Caymmi, assim como de Tom, de Vinicius, de Carlinhos Lira, de Baden. E sou companheiro de um time da pesada também: Caetano, Chico, Edu, Roberto, Erasmo, Djavan... acredito servir como mestre para a geração de Moreno, Domênico, Bem, Mestrinho...”, comenta Gil.

Aliás, o disco mira em João, mas acerta em Caymmi, já que o bossanovista frequentou o repertório do conterrâneo, cujo centenário será lembrado no final deste mês.

“Caymmi foi quem primeiro cantou a Bahia e mostrou ao mundo, via Carmem Miranda ‘o que é que a baiana tem’! Ele tem aquela visão da Bahia litorânea, urbana, e desde cedo me influenciou”, confidencia Gil, que além de regravar ‘Doralice’, incluiu ‘Milagre’ no repertório e ainda convocou Danilo e Dori Caymmi para as gravações – o primeiro toca flauta em ‘Eu sambo mesmo’ e o segundo, violão em ‘Gilbertos’.

Gilberto Gil encerra comentando que não foi difícil estabelecer todo o repertório, que surgiu de maneira intuitiva. Mas e aí, o mestre João Gilberto ouviu o trabalho? “Não sei, pois João está cada vez mais recluso”, responde. “Mandamos o CD para ele, mas não soubemos de mais nada”.

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Jornal da Paraíba

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