CULTURA
Biografia heavy-metal
Metallica tem sua história narrada pelo veterano jornalista inglês Mick Wall, que fala ao JORNAL DA PARAÍBA sobre o livro.
Publicado em 13/05/2012 às 8:00
“O Metallica é a maior, a mais corajosa e inteligente banda da sua geração”. A afirmação vem do jornalista Mick Wall, que acaba de lançar uma ótima biografia do quarteto norte-americano, um dos mais famosos de toda a história do heavy-metal. Por e-mail, Wall, que também é autor de Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, biografia do Led Zeppelin, falou sobre o livro em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA.
Metallica - A Biografia (Globo Livros, R$ 49,90, 472 págs.) narra tudo de bom e de ruim que o grupo construiu em três décadas de carreira. O texto de Wall conta essa história com análise crítica, múltiplos pontos de vista (incluindo o do próprio autor), confrontação e, claro, a boa dose de ironia que marca o trabalho deste inglês de 53 anos que há 35 escreve sobre rock em jornais e revistas importantes da Europa.
Inspirada em bandas como o Iron Maiden, Diamond Head e toda a sonoridade criada a partir do New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), ao mesmo tempo mirando no som cru e direto de grupos como Motörhead e o punk-rock da época, o Metallica trilhou um novo caminho para o rock pesado, lançando as bases para o thrash metal e levando o heavy-metal para as paradas de sucesso.
Trinta anos depois, o grupo já vendeu mais de 100 milhões de discos ao redor do mundo. Somente o recente Death Magnetic (2008) foi comprado por cinco milhões de fãs ao redor do mundo, feito notável nesses tempos de MP3. E com essa moral, lidera o Big Four, reunião das quatro principais bandas de thrash do mundo: Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax.
Essa trajetória inclui, em detalhes, passagens importantes da carreira da banda, como a entrada (e saída) do guitarrista Dave Mustaine (hoje Megadeth), a morte do baixista Cliff Burton, a mudança de sonoridade no ‘álbum preto’, a briga do baterista Lars Ulrich com os fãs por conta do Napster e a chegada ao fundo do poço do vocalista/guitarrista James Hetfield por conta do álcool.
Para revelar toda essa história, Mick Wall se vale de centenas de entrevistas feitas por ele com todos os integrantes e ex-integrantes, além de produtores, empresários, músicos e um farto material publicado, sem falar em programas de TV, CDs, DVDs, etc. Jornalista experiente e ‘do ramo’, do tipo que divide uma carreira de cocaína com produtores da banda ou é chamado ao estúdio para ouvir os discos ainda no forno, imprime no texto exatamente o que o fã quer saber, agrade a banda, ou não.
“Minha missão é a de escrever os melhores, mais honestos e reflexivos livros que eu puder”, diz Mick Wall à reportagem do JP.
“Eu não ligo para o que a banda acha (a respeito do livro), ou mesmo os fãs. Apenas o que seja a verdade, da melhor maneira que eu consiga desvendá-la, seja lá como for”.
As relações pessoais de Wall com os membros da banda entrecortam as quase 500 páginas do livro. São pequenos interlúdios em primeira-pessoa nos quais o autor narra lembranças de encontros e desencontros com os integrantes, como, por exemplo, as esnobadas de James ou no dia em que evitou uma visita de Lars à sua casa.
“Eu odeio essas biografias chatas e caretas”, comenta o jornalista. “Eu gosto de poder colocar o leitor o mais perto do assunto, tanto quanto for possível. Esta foi uma maneira de fazer isso. Também para mostrar a banda de maneira diferente, mais humana, da forma que o restante do texto não possibilita”.
O tratamento que Mick Wall dá ao Metallica faz com que a biografia que acaba de sair no Brasil seja a melhor já lançada sobre o grupo e, certamente, uma das mais bem trabalhadas do autor, que além do Led Zeppelin escreveu livros sobre Axl Rose (Guns N’ Roses) e Bono Vox (U2), ambos inéditos no Brasil.
Mas o resultado terá agradado aos integrantes do Metallica? “Lars me ligou para dizer que sabia que eu iria escrever um grande livro”, responde Wall. “James se recusa a falar comigo.
James, como o livro deixa claro, tem problemas de controle”, alfineta.
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