Britânico Neil Gaiman ganha biografia: 'Príncipe de Histórias'

Ele foi responsável por dar um ar cult e gótico aos sonhos, fazer da morte uma atraente ninfeta com ares funestos sexys e 'aposentar' Lúcifer para se bronzear nas praias californianas e abrir um bar. Apesar de fazer composições e roteiros, ele não é uma sumidade no cinema ou na música.

Mas, o britânico Neil Gaiman é um fenômeno mesmo assim, principalmente nos segmentos dos quadrinhos e da literatura contemporânea. Apesar dos exageros de colocá-lo nas listas dos maiores escritores pós-modernos, Gaiman é realmente uma referência da cultura pop.

Não é à toa que o inglês 'desperta' uma multidão de fãs de todas as idades. Durante a Flip de 2008, aproximadamente 1.600 pessoas apareceram na sessão de autógrafos e ele fez questão de atender a cada uma de forma simpática.

Sem dúvidas, e sem dormir no ponto, sua obra mais aclamada e conhecida é Sandman, uma série em quadrinhos que alavancou o status 'sério' e 'adulto' do gênero nos EUA.

Mais uma nova biografia do escritor é lançada no Brasil. Príncipe de Histórias: Os Vários Mundos de Neil Gaiman (Geração Editorial, 760 páginas, R$ 69,90) disseca toda a obra do britânico nos quadrinhos, literatura, cinema, tevê e até na música.

O livro é organizado a seis mãos por Hank Wagner, Christopher Golden e Stephen R. Bissete, que compilaram artigos, perfis de personagens, entrevistas e dados históricos e biográficos sobre Gaiman. Golden foi roteirista da série televisiva criada por Joss Whedon Buffy, a Caça-Vampiros (1997-2003), e Bissete é o desenhista que se destacou na série O Monstro do Pântano, escrita pelo mago Alan Moore, responsável pela 'invasão britânica' na indústria dos quadrinhos norte-americana.

Com prefácio do amigo Terry Prachett, autor da divertida série de fantasia Discworld, uma boa parte do calhamaço é dedicada à criação máxima de Gaiman. Todos as 75 edições de Sandman são analisadas história por história, com direito a resumo, curiosidades e trívias, como quando Sam Kieth – um dos vários desenhistas de Sandman – se sentia Jimi Hendrix nos Beatles.

Um ponto negativo na biografia é o que diz respeito à editoração: vários trabalhos que saíram no Brasil não são traduzidos ou indicados devidamente. Isso ajudaria aos novos leitores que procurariam as obras de Gaiman a partir da leitura do livro.