CULTURA
Bulindo com assunto sério
Espetáculo teatral 'Bulir ou Não Bulir?' traz aos palcos discussão sobre o 'Bullying', presente no cotidiano de muitas crianças e adolescentes.
Publicado em 20/09/2012 às 6:00
Como a maioria esmagadora das crianças prestes a atravessar as portas da adolescência, a diretora paraibana Celly de Freitas sofria com as mudanças do corpo e as chacotas dos colegas da mesma idade: era muito magra e tinha orelhas de 'abano'.
Essa experiência e o assunto do 'bullying' estão presentes na peça teatral Bulir ou Não Bulir?, que estreia amanhã, às 21h, na sala Vladimir Carvalho, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa.
"Não é uma comédia e nem um drama", analisa a diretora e roteirista da encenação. "É um espetáculo para refletir sobre essas questões que sempre existiram, muito antes do termo 'bullying' ser criado."
Com montagem da Cia. de Teatro Encena, a obra é conduzida por quatro personagens, abordando as várias formas de prática do 'bullying' como a questão racial, a obesidade, a estatura, o jeito desengonçado de andar e o uso de óculos nesta fase da vida. "Antigamente as proporções eram bem diferentes. Os adolescentes não têm a consciência do que isso pode provocar hoje em dia", opina Celly. "Quem nunca sofreu ou praticou 'bullying'? Todos nós já sofremos e praticamos. Na minha infância e adolescência sofri 'bullying', tanto na escola como na rua onde morava", confessa.
roupagem suave
Os quadros feitos pelos atores Glaydson Gonçalves, Joseph Rodrigues, Rebecca Menezes e Thaís Piquet traçam paralelos sobre os casos que passaram na adolescência e o que eles se tornaram hoje em dia.
"Procuramos trazer para as cenas as coisas do cotidiano de um adolescente, como o convívio com a família e com os colegas na sala de aula", afirma a diretora.
Com um texto sem muitas falas para fugir do didatismo recorrente na temática, Celly de Freitas aponta que tratou o espetáculo de uma forma lúdica, sem chocar e nem agredir, já que o assunto da violência psicológica já carrega seu peso por si.
"Usamos uma roupagem mais suave utilizando música e coreografias", acrescenta a dramaturga, que apresenta na cena final uma composição assinada por ela e cantada em capela pelo quarteto com o nome da encenação.
O texto da diretora também teve o auxílio das vivências do grupo de atores, acrescentando nas atuações as práticas de ‘bullying’ que já sofreram na pele. “Todo o ator é um compositor de seu personagem”, define Celly. “Deixamos eles à vontade para interferirem da maneira que acharem que deveria ser feito.”
Para esta sexta-feira, os ingressos de Bulir ou Não Bulir? serão promocionais: exclusivamente vendidos pelo preço único de R$ 5,00. O espetáculo volta a ser encenado nos dia 27 e 28 deste mês, no mesmo local, sempre às 20h. Nesses dias as entradas serão vendidas pelos valores de R$ 5,00 (meia) e R$ 10,00 (inteira). A classificação indicativa da peça é para um público a partir dos 10 anos de idade.
Criada no final dos anos 1990, em João Pessoa, a Cia. de Teatro Encena tem vários trabalhos do gênero infantil em seu currículo como Quem Tem Medo do Lobo Mau? (2002), também dirigido por Celly de Freitas. A trupe ganhou diversos prêmios, incluindo o Nodge Filgueiras de Melhor Espetáculo pelo Júri Popular por O Reino de Chocolate, em 2006.
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