Camões vamp

A escolha foi unânime, mas a decisão demorou mais que a leitura de qualquer dos contos de Dalton Trevisan, vencedor do Prêmio Camões deste ano.

"Houve uma discussão maravilhosa entre os membros do júri de cerca de duas horas", relatou Silviano Santiago, membro do corpo de jurados que concedeu ao 'Vampiro de Curitiba' o principal prêmio da literatura em língua portuguesa.

Segundo Santiago, a escolha unâmime se deu, "primeiramente, pela contribuição extraordinária de Dalton Trevisan para a arte do conto, em particular para o enriquecimento de uma tradição que vem de Machado de Assis, no Brasil, de Edgar Allan Poe, nos EUA, e de Borges, na Argentina".

É a décima vez que um brasileiro vence o Prêmio Camões, que está em sua 24ª edição e já foi concedido a nomes como João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz e Jorge Amado.

O último escritor nacional a ser lembrado pela comissão julgadora (que este ano contou também com a presença do crítico Alcir Pécora) foi Ferreira Gular (em 2010).

Trevisan, como ressaltou Santiago, é mestre de uma literatura centrada na "linguagem concisa, direta", que aproxima o conto "de um poema em prosa". Cemitério de Elefantes (1964), Capitu Sou Eu (2003) e Macho Não Ganha Flor (2006) são algumas de suas obras mais conhecidas.

O paranaense é também o autor a receber mais vezes o Prêmio Jabuti: quatro ao todo (em 1960, 1965, 1995 e 2011), todas na categoria conto.