CULTURA
Caravaggio ganha biografia em quadrinhos assinada por Milo Manara
Lançamento mundial, inclusive no Brasil, obra mostra a trajetória do célebre pintor italiano como a de um verdadeiro 'popstar'.
Publicado em 16/06/2015 às 6:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 17:25
Ele já tinha nome de um renomado pintor: Michelangelo Merisi (1571-1610) alcançou notoriedade na sua época por usar populares – sobretudo prostitutas, camponeses e mendigos – como modelos para suas realistas pinceladas sacras.
Adotando o nome da aldeia natal da sua família, Caravaggio, o italiano ganhou recentemente o primeiro volume (de dois) de uma biografia em quadrinhos feita por outro mestre, desta vez dos traços carregados de erotismo: o conterrâneo Milo Manara.
No luxuoso Caravaggio – A Morte da Virgem (Editora Veneta, 64 páginas, formato 24 x 32 cm, R$ 59,90), a sua trajetória pode ser comparada nos dias de hoje como a de um verdadeiro ‘popstar’, com passagens tanto pelos corredores dos palácios do Vaticano, quanto pelas algazarras etílicas em bordéis, duelos de espada e até com temporadas atrás das grades.
A edição em capa dura chega ao Brasil simultaneamente com a Europa, EUA e Japão. Sem se preocupar em ser didática, a obra mostra o artista chegando a Roma no final do século 16 apenas com sua arte e as polêmicas a tiracolo.
Entre confusões e bebedeiras no submundo romano envolvendo prostitutas – sobretudo a ‘musa’ Anna, personagem a qual o volume é dedicado – Caravaggio cai nas graças do cardeal Del Monte, que lhe dará ‘carta branca’ para portar espada e criar obras que entraram para a História da arte como o tríptico sobre a vida de São Mateus na Igreja de São Luís dos Franceses (1599-1600), o Enterro de Jesus (1602-1603), A Crucificação de São Pedro (1600) e A Morte da Virgem (1602) que batiza o primeiro volume, dentre outras.
Apesar do contexto histórico, Manara promove seu erotismo mostrando a lascividade nas curvas das beldades que são marcas registradas do autor de HQs como a série Clic, Perfume do Invisível e Rever as Estrelas.
Para quem não conhece a obra visceral do protagonista barroco nascido em Milão, o quadrinista italiano (que será septuagenário em setembro) mimetiza seus trabalhos, respeitando o estilo que imortalizou Caravaggio – obcecado pela luz e pelos detalhes – sem deixar de lado seu próprio.
Além das ‘musas’, Milo Manara também se dedica às impressionantes caracterizações arquitetônicas nas páginas de A Morte da Virgem, que lembra um outro artista italiano que apareceu após Caravaggio, Giovanni Battista Piranesi (1720-1778).
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