CULTURA
Casa onde viveu cangaceiro Chico Pereira é tombada pelo patrimônio histórico na PB
Localizada na Fazenda Jacu, em Nazarezinho, construção ajuda a contar história do cangaço na Paraíba.
Publicado em 27/12/2021 às 16:30 | Atualizado em 27/12/2021 às 18:07
A casa onde viveu o cangaceiro Chico Pereira, localizada em Nazarezinho, no Sertão da Paraíba, foi tombada como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), na última quinta-feira (23), um dia depois do aniversário de emancipação política da cidade. Com isso, o órgão passa a fiscalizar e orientar reformas e projetos de restauração no local, com o objetivo de preservá-lo.
A morada de Chico Pereira ajuda a contar a história do cangaço na Paraíba e desperta a atenção de pesquisadores e curiosos, como é o caso do cineasta Ramon Batista. Natural de Nazarezinho, ele conta que o interesse pelo cangaço influenciou seu desejo de ingressar no audiovisual.
O cineasta relata que desde pequeno escutava histórias do cangaço. Depois de adulto, leu o livro “Vingança, Não”, sobre a vida de Chico Pereira, e passou a visitar a Fazenda Jacu, onde fica localizada a icônica casa. A partir disso, surgiu o desejo de retratar o movimento em um filme, que resultou na criação do curta-metragem “Aroeira”, trama fictícia de 2016.
“O livro “Vingança, Não” foi revolucionário assim na minha vida. Porque após eu ler esse livro eu quis conhecer a casa do Jacu, fotografá-la. Foi aí que surgiu a ideia de fazer um filme”, afirmou Ramon.
Veja o teaser de "Aroeira"
Com a notícia do tombamento, Ramon Batista espera que a casa seja restaurada e transformada em um centro cultural. Ele também expressa preocupação com o estado do local. "Tomara que seja restaurada e transformada em um espaço cultural porque a casa em si é um museu. Essa casa é muito antiga e tem que ser restaurada logo, com uma certa urgência, porque em breve não vai ter mais nem o que recuperar”, expressou o cineasta.
Cangaceiro estilo “Far-West americano”
Chico Pereira era de Nazarezinho, na época distrito da cidade de Sousa, e filho do coronel João Pereira. Em uma disputa política, o coronel João Pereira foi assassinado por um homem chamado Zé Dias, que nunca chegou a ficar preso. Mesmo o pai tendo pedido, no leito de morte, que o filho não se vingasse, o desejo de vingança foi maior, levando Chico Pereira a ingressar no cangaço.
Chico Pereira não utilizava as vestes tradicionais do cangaço, como o chapéu de abas dobradas na testa e o gibão. O cangaceiro preferia utilizar lenço no pescoço, chapéu de abas abertas, cartucheiras e calças culote. Em um trecho da Gazeta de Notícias, de 10 de novembro de 1927, o cangaceiro é retratado como “um admirador dos heróes do Far-West americano”. O texto é citado na monografia "Nas Redes das Memórias: as múltiplas facetas do cangaceiro Chico Pereira", de Guerhansberger Tayllow Augusto Sarmento.
Ele permaneceu no cangaço até 1928, quando foi aprisionado em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, e transferido para Acari, no Rio Grande do Norte, onde foi executado.
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