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CULTURA

Casulo abre mostra 'Palco Giratório' na capital

Espetáculo Casulo, abre hoje a mostra 'Palco Giratório' no Centro Cultural Piollin, na capital.

Publicado em 03/04/2012 às 6:30


O título tem muitas razões. Uma delas é o próprio trabalho de pesquisa do pernambucano Marcos Brandão, que só saiu do 'casulo' em 2010, financiado pelo Fundo Municipal de Cultura, mas já se desenvolvia desde a sua infância no bairro de Casa Amarela, no Recife.

"Aos dez anos, ajudei meus pais a se alfabetizarem ensinando a escrita a partir do formato das letras. O 'A' de seus nomes, Anaíde e Antônio, tinha o desenho de uma escada, objeto que os dois já conheciam", conta Brandão, inspirado na pedagogia de Paulo Freire (1921-1997).

Foi este mesmo modelo de ensino que lhe ajudou a disseminar a cultura pernambucana entre os primeiros alunos de suas oficinas de dança, que promove na Paraíba, desde que radicou-se em João Pessoa, há 18 anos.

"Todo pernambucano é doente por sua cultura e sempre achei um absurdo morar em um lugar e não conhecer os elementos da cultura local. Por isso, estranhei muito a Paraíba quando cheguei.

Procurei então usar os movimentos do axé, muito em voga na época, para chegar à capoeira, por exemplo, de onde parti para movimentos do coco e do cavalo marinho", lembra o coreógrafo.

Sua proposta de desconstrução corporal para a construção de uma memória cultural está exposta em Casulo, espetáculo que abre hoje a mostra 'Palco Giratório' no Centro Cultural Piollin, às 20h.

Performance que, além de dirigir, coreografou e concebeu cenicamente, Casulo faz homenagem ao grupo Cabruêra e à coreógrafa Rosa Cagliani (1958-2008) em sua trilha sonora. A apresentação marca os 15 anos do 'Palco Giratório', mostra de artes cênicas promovida pelas unidades estaduais do Sesc.

Segundo Brandão, a faixa 'Muganzé' (composição de Zé Guilherme para CD da Cabruêra de 2001, homônimo à banda), foi utilizada na íntegra por Cagliani no espetáculo Nodestino Nordestino, coreografia que está no repertório da Cia. Sem Censura, de Stella Paulo.

"De Rosa Cagliani herdei este sonho de fazer um trabalho de cunho popular, que tivesse como base a cultura do Nordeste", afirma o diretor, que deixou a trilha sonora sob a supervisão de Thiago Sombra (do Paraíba Samba Trio, compositor da trilha de Ponto de Vista), autor do restante das faixas utilizadas no espetáculo.

"Tanto a música quanto a luz (parceria de Cleison Ramos e Ali Cagliani, filho de Rosa Cagliani) foram feitas por meio da internet.

Eu gravava as cenas e enviava para os três, que me retornavam via e-mail".

As bailarinas Angélica Lemos, Maria Betânia e Naiara Misa interpretam três irmãs que vivem em uma mesma casa e se deparam com suas diferentes crenças: uma delas é uma beata católica, a outra é uma protestante fervorosa, e a terceira está ligada ao candomblé.

Todas solteiras, elas têm a fleuma de seu desejo personificado na imagem de um Cristo (interpretado por Jean Oliveira) como que crucificado em uma rede suspensa em uma das paredes do Piollin.

"Tanto a luz quanto a música foram criadas para conferir um clima tenso que acompanha a saída de Cristo de seu casulo", explica Brandão, que retrata o personagem como um inseto no início do espetáculo, fomentando uma polêmica entre o público que poderá discuti-la após a encenação, que tem entrada gratuita mediante a doação de dois quilos de alimento não perecível.

Imagem

Jornal da Paraíba

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