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CULTURA

Cazuza ganha biografias atualizadas e um disco com canções inéditas

Morte do cantor e compositor completa 25 anos nesta terça-feira (07) e livros sobre a trajetória do 'exagerado' ganham novas edições.

Publicado em 07/07/2015 às 6:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 13:17

Na região Nordeste, "Cazuza" significa "moleque", apelido que o pai e produtor musical João Araújo (1935-2013) já batizava Agenor de Araújo Neto ainda na barriga de Lucinha. Polêmico, exagerado e considerado ao lado de Renato Russo (1960-1996) o 'poeta de uma geração', nesta terça-feira faz 25 anos que Cazuza se rendeu às complicações causadas por ser soropositivo, e morreu aos 32 anos de idade.

No começo dos anos 1980 como líder do Barão Vermelho até a sua carreira solo, que começou em 1985 até a sua morte, Cazuza tem 190 obras e 229 fonogramas cadastrados no banco de dados do Ecad. Em 2013, o músico foi 'ressuscitado' pela tecnologia em holograma tridimensional, num show que reuniu quase 30 mil pessoas no Parque da Juventude, em São Paulo.

Em virtude do aniversário de ausência do artista carioca, ganham edições atualizadas até o mês de agosto os livros Só as Mães São Felizes (1997) e Preciso Dizer que Te Amo (2001), ambos lançados pela Editora Globo. O primeiro foi adaptado para o cinema em Cazuza - O Tempo Não Para (2004), de Sandra Werneck e o paraibano Walter Carvalho, e também para os palcos com o musical Cazuza - Pro Dia Nascer Feliz, lançado em 2013 e atualmente rodando o país. Já o segundo é um apanhado de fotos, poemas e letras de música. Ambos são projetos assinados pela mãe do músico e a jornalista Regina Echeverria.

Cazuza deixou mais de 60 letras inéditas. Ainda este ano, a Sony promete lançar um disco com uma constelação de intérpretes para essas músicas: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Baby do Brasil, Bebel Gilberto e Seu Jorge são alguns nomes. Gil e Caetano vão musicar poemas do artista.

Até agora, segundo Lucinha Araújo informou ao Estadão, apenas a parceira de longa data Bebel Gilberto já musicou uma letra (em inglês), intitulada 'Brazilian prayer'.

POLÊMICAS 'ARRETADAS'
Não foi apenas de um modo pejorativo na canção 'Manhatã' ("Não sou mais Paraíba / Sou South American") que o Estado nordestino aparece na história de Cazuza.

Os últimos três shows do cantor e compositor foram na região – Paraíba, Alagoas e Pernambuco, respectivamente –, onde os dois últimos foram marcados por polêmicas.

No dia 19 de janeiro de 1989, o show Ideologia foi apresentado em João Pessoa, mais precisamente no terreno baldio localizado entre o cruzamento das avenidas Ruy Carneiro com a Edson Ramalho, em Tambaú.

"Ele só mostrou a bunda", relembra o produtor Antonio Alcântara, que na época foi com uma caravana de Campina Grande para ver a derradeira apresentação. "Foi muito aplaudido e supertranquilo, mas do jeito que Cazuza sempre foi", aponta.

O show na capital paraibana atraiu sete mil pessoas.
Pior foi em Maceió (AL), dois dias depois. De acordo com a reportagem publicada na revista Veja do dia 1° de fevereiro daquele ano, Cazuza arriou as calças, ficou nu em frente ao público de oito mil espectadores, apalpou os seios de uma fã e arrancou vaias ao elogiar o então governador Fernando Collor.

Ainda de acordo com informações da Veja, no último show de Cazuza, dia 24, no Recife (PE), as 10 mil pessoas que compareceram ao local ouviram após a terceira música, o artista elogiar a repercussão da sonoridade brasileira no exterior. Mas – relembrando inevitavelmente a recente polêmica acerca de Ed Motta –, Cazuza fez todo o seu longo monólogo ao Estado vizinho em inglês.

Durante as vaias dos pernambucanos, o artista relembrou a música 'Manhatã', de certa forma: "Paraíbas, vão para os Estados Unidos ganhar dinheiro!", retrucou.

Depois dos incidentes, o cantor justificou que seus acessos foram culpa do AZT, fármaco utilizado no tratamento da AIDS, e que não queria que as pessoas sentissem pena dele. Pouco mais de um mês depois, foi internado com hepatite e saiu do hospital se locomovendo apenas em uma cadeira de rodas.

Sempre polêmico, sem 'papas na língua', além de "Cazuza", ele tinha outro apelido: Caju. Nome que escreveu para fazer uma última dedicatória a ele mesmo numa agenda: "Fique livre do mundo, aproveite a dor, ame de olhos fechados e se divirta na Terra".

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Jornal da Paraíba

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