Cezzinha estreia em DVD

A morte de Dominguinhos no ano passado foi um baque na carreira de Cezzinha. Caía, para ele, o último herdeiro da cepa musical a que o jovem pernambucano se filiava.

Recuperando-se ainda da perda, Cezzinha reuniu convidados para estrear em DVD e lançar seu quarto CD (o primeiro por uma grande gravadora).

O trabalho é uma tentativa de se amparar em novas referências na busca pela identidade e praticar aquilo que o próprio mestre lhe ensinou em vida: o diálogo do forró com outras tradições.

"Eu peguei o caminho que Luiz Gonzaga abriu e Dominguinhos seguiu trilhando", sublinha o pernambucano com o vozeirão que mostra em Cezzinha & Convidados - Ao Vivo (Som Livre, CD: R$ 15,90; DVD: R$ 22,90).

Acompanhado de artistas como Zélia Duncan e Alcione, o discípulo tenta garantir o apoio de representantes de segmentos com os quais os mestres conseguiram se relacionar no passado. "Eles (Gonzagão e Dominguinhos) deixaram muitas sementes e conquistaram a atenção de artistas de outros gêneros. Hoje, a gente vive em um cenário de plástico em que fazer forró é um ato de coragem", reflete o cantor e compositor que se aferra ao ditado de que 'a união faz a força' para divulgar um trabalho consistente, que lhe rendeu o posto de único nome do forró pé de serra inscrito no catálogo da Som Livre.

A participação especial de Alcione terá contrapartida: Cezzinha acabou de retribuir a visita da 'Marrom' ao seu palco, se incluindo no próximo projeto da sambista. Convidado este ano para ser um dos jurados da edição anual do Forró Fest, festival em que também participa como atração na etapa que ocorre no dia 17 de maio, no Conde, Cezzinha se alegra com o momento em que sua sanfona adquiriu brilho próprio e já está podendo tocar para mais ouvidos seu repertório autoral, composto por canções como 'Recado' (parceria com Fábio Simões) e 'Porque tem que ser assim' (com Chico Pessoa).

"Hoje em dia parece que não existe mais novidade, que estamos todos trabalhando no que já foi feito e não consegue inventar tanto", observa. "Eu posso confessar a você que o forró perdeu esta característica de refletir sobre a realidade da região Nordeste, em meio a este processo de modernização. Eu, por exemplo, trabalho mais com a linha do romantismo e nela procuro achar um diferencial."

Sobre as polêmicas recentes em torno de seu relacionamento com a ex-companheira Elba Ramalho (que no CD e DVD participa em duas faixas: 'De volta pro aconchego' e 'Minha vida é te amar'), Cezzinha é enfático: "Eu não estaria no lugar em que eu estou hoje, com um trabalho sério e respeitado, se tivesse acontecido um coisa dessas", diz ele, referindo-se às acusações de agressão.