CULTURA
Chico César retoma carreira com o disco 'Estado de Poesia'
Depois de seis anos nos birôs da administração pública, cantor e compositor retoma carreira falando de amor em disco ensolarado
Publicado em 21/06/2015 às 8:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 17:23
Aos 20 anos, Chico César trocou a Paraíba por São Paulo, onde sua carreira como músico decolou. Aos 45, consagrado internacionalmente, voltou a morar aqui, desta vez para um outro tipo de carreira: a de servidor público.
Por seis anos, Chico se fixou em João Pessoa, onde foi diretor da Fundação Cultural de João Pessoa, a Funjope. Na sequência, ajudou a criar a Secretaria de Estado da Cultura, da qual foi o primeiro titular da pasta.
Essa temporada – que foi do começo de 2009 até o final de 2014 – acabou por inspirar Estado de Poesia, disco que coloca Chico César de volta aos trilhos da carreira musical depois de pendurar o paletó (ou, no caso particular, soltar a cabeleira) e é o primeiro álbum com canções inéditas desde 2008, quando lançou Francisco Forró Y Frevo.
Contemplado pelo edital Natural Musical, o álbum acaba de sair no formato digital pelo selo Laboratório Fantasma (do rapper Emicida) e, em breve, chegará às lojas em CD pela Pommelo Produções.
Ao longo de 14 faixas, Chico César reencontra a música de maneira vibrante e ensolarada. Cunhadas com paixão, as canções que escreveu nessa temporada ganharam roupagem elétrica e eletrizante, com guitarras, acordeons, teclado e uma bem azeitada cozinha.
O disco começou a ganhar forma em João Pessoa, no SG Studio, onde, cercado de músicos da terra, Chico deu início à pré-produção do álbum. Acompanhado por Xisto Medeiros (baixo), Helinho Medeiros (teclado), Gledson Meira (bateria), o autor de ‘Mama África’ começou a lapidar o novo repertório.
Bem ensaiado, o repertório foi transportado por Chico e os conterrâneos para São Paulo, onde foi feita a gravação definitiva das canções no estúdio Gargolândia, praticamente ao vivo, com todo mundo tocando junto. "Talvez por isso o disco tenha esse espírito livre, solto", comenta Chico César, em entrevista por telefone, de sua casa em São Paulo.
Posteriormente, na Holanda, foram gravados o acordeom do russo Oleg Fateev e a percussão da paulista Simone Sou, dois velhos conhecidos do paraibano.
Equilibrando-se entre canções românticas e letras críticas, Estado de Poesia é um disco de amores: amor pela namorada Bárbara Santos (atriz paraibana com quem o músico está há cerca de 2,5 anos), amor à liberdade, amor ao próximo, amor à causa.
“O amor é uma coisa muito ampla. Ele se manifesta de muitas formas. Acho que quando a gente consegue sentir isso, compreender essa relação com o universo através do amor, tudo fica mais leve”, conceitua.
Canções como 'Caracajus', 'Da taça', 'Atravessa-me' e 'Museu' partem dos vários Chicos que habitaram o cantor e compositor em sua nova temporada na Paraíba. “Integralmente, nós somos uma pessoa só. O gestor, o músico, o artista, a pessoa, o namorado, não há uma separação. Então, uma coisa influencia a outra o tempo inteiro”, explica.
Em ‘Museu’, uma música explicitamente apaixonada, Chico evoca as lembranças da administração pública nos versos “Espaço cultural / A ser preenchido pelo beijo / Fundação trêmula dos afetos acidênticos”. “De certa maneira, estou amorizando vivências do cotidiano do gestor, do servidor público, trazendo-as para o âmbito afetivo”, justifica.
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