CULTURA
Cia Deborah Colker apresenta novo espetáculo em João Pessoa
Deborah Colker levou 'A Bela da Tarde' para os palcos e o resultado está em 'Belle', espetáculo em cartaz hoje e amanhã.
Publicado em 24/03/2015 às 6:00 | Atualizado em 16/02/2024 às 13:05
Os movimentos do corpo vão desenhando a história do embate entre razão e instinto. O novo espetáculo da Cia. de Dança Deborah Colker traz para os palcos a adaptação do clássico livro Belle du Jour, escrito por Joseph Kessel, em 1928 e lançado no Brasil sob o título A Bela da Tarde.
Belle fica em cartaz hoje e amanhã no Teatro Paulo Pontes, Funesc, às 20h. Os ingressos custam R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia).
Em um contexto bem atual, os tabus da década de 20 sobre o casamento, a mulher e a prostituição são abordados por Deborah Colker no novo espetáculo.
Com um ato apenas, o mundo racional de Sevérine vai dando lugar ao submundo instintivo e carnal de Belle. “Sevérine é aquela mulher burguesa, bem casada. Ela e o marido são cúmplices no amor e no silêncio. O que ela deseja, ele não pode dar. E o que ele quer dessa mulher, ela não consegue atingir. É um diálogo surdo-mudo”, explica Deborah Colker ao JORNAL DA PARAÍBA.
Para retratar a dualidade na personalidade da protagonista, duas bailarinas se revezam no palco. Segundo Colker, as mudanças vão acontecendo tão naturalmente que o público não se perde na sequência.
“Essa é a maneira que eu tenho para traduzir a potência do que acontece. Tendo a presença das duas mulheres, eu construo dois repertórios de movimento, duas qualidades emocionais físicas. Meu medo era que a plateia não conseguisse acompanhar o momento do nascimento da Belle", confessa.
Movimentos sensuais e eróticos dão um toque especial ao espetáculo. Segundo a bailarina, a experiência do mundo carnal, cheio de segredos, também passa pelo erotismo de maneira intensa.
O espetáculo tem montagem centrada nos delírios da cabeça de Sevérine e nas experiências orgânicas internas, que Colker traduz como algo selvagem. “Este momento de abdução dessa mulher é totalmente erótico”, conta.
Na trilha sonora, o clássico dá lugar ao eletrônico. A mudança de realidades é gigante e para retratar esta passagem, Colker usa, por exemplo, o som do Velvet Underground e de Miles Davis, que "é sofisticado, mas gosta de trabalhar com o submundo".
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