CULTURA
'Circuito Fechado' completa 40 anos com nova edição
Nova edição de 'Circuito Fechado' marca 40 anos da obra e 20 da morte de seu autor, Ricardo Ramos, filho de Graciliano.
Publicado em 23/09/2012 às 16:00
Se, como acreditava Freud, é na primeira infância que se determina a personalidade de um indivíduo, Ricardo Ramos teve a sua forjada em um ambiente que não poderia empurrá-lo para outro ofício além daquele exercido pelo pai: Graciliano Ramos.
Nascido em 1929 na Palmeira dos Índios onde o autor de Vidas Secas (1938) era então prefeito, Ricardo Ramos frequentou um ambiente privilegiado de escritores que orbitaram em torno da figura do pai, como José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Aurélio Buarque de Holanda e Valdemar Cavalcanti.
Circuito Fechado (1972), um dos seus nove títulos voltados ao conto, acaba de receber novo tratamento pela Editora Globo através do selo Biblioteca Azul (152 páginas, R$ 34,90).
É a segunda obra do escritor que merece reedição pela Globo.
Graciliano: Retratos Fragmentados (272 páginas, R$ 39,90), compilado das memórias acerca do pai que coletara desde os 15 anos, quando retomaram um contato que se perdeu na época em que Graciliano foi refém da Ditadura, teve relançamento no ano passado.
Cativo da narrativa breve, Ricardo Ramos emplacou em pouco mais de uma década nada menos que três Prêmios Jabutis (1960, 1962 e 1971).
Um dos contos da série que batiza o volume, construído apenas com base em substantivos, é um de seus textos mais populares e carimbou seu ingresso na antologia O Conto Brasileiro Contemporâneo (1975), de Alfredo Bosi.
Segundo Bosi, "a matéria dos textos curtos e substantivos" reflete “a sociedade de consumo que se reinventa pelo miúdo no elenco de objetos e hábitos compulsivos”.
A apresentação de Circuito Fechado foi feita por Alcides Vilaça e Lygia Fagundes Telles, que assina o prefácio, corrobora: "Ricardo Ramos foi o autor perfeito diante da fragilidade do leitor que busca encontrar no livro uma chama de esperança para aliviar o homem neste mundo tão difícil".
A revisão da bibliografia dá-se 40 anos após a primeira edição de Circuito Fechado e 20 anos após a morte do ficcionista, que além das nove coletâneas de contos e um volume biográfico, deixou dois romances, três novelas e dois ensaios.
Ricardo Ramos morreu em 1992, em São Paulo, onde se mudou para dedicar-se à publicidade, uma das influência do caráter de sua prosa. Na capital paulista, presidiu a União Brasileira de Escritores e foi o primeiro diretor do Museu da Literatura Paulista.
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