CULTURA
Clássico com Gary Cooper faz 60 anos
Filme é um faroeste nada convencional, vencedor de quatro Oscars, incluindo Melhor Ator para o astro Gary Cooper.
Publicado em 29/07/2012 às 8:00
Um faroeste nada convencional, vencedor de quatro Oscars, incluindo Melhor Ator para o astro Gary Cooper (1901-1961) – único na sua vida, no alto de seus 51 anos –, e com a estreia na telona de Grace Kelly (1929-1982), que seria musa platônica de Alfred Hitchcock (1899-1980) e do principado de Gales.
Tirando o cenário do Velho Oeste norte-americano, o clássico Matar ou Morrer (1952), que entrava em cartaz há 60 anos nos Estados Unidos, pode ser considerado uma alegoria do clima que passava a América, em plena época do macartismo, onde se perseguia qualquer vestígio que lembrasse os ideais comunistas.
“A coisa mais antiamericana que já vi em toda a minha vida”, declarava John Wayne sobre o filme à revista Playboy, em 1971.
Depois do western, o diretor austríaco naturalizado norte-americano Fred Zinnemann realizaria outras grandes obras da história de Hollywood, como A um Passo da Eternidade (1953), O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966), O Dia do Chacal (1973) e Julia (1977).
Em uma manhã dominical em Hadleyville, o xerife Will Kane (Cooper) acaba de se casar com a jovem quaker chamada Amy (Kelly). Depois da cerimônia, ele pendura o coldre e a estrela dourada para sua aposentadoria e consequente lua-de-mel.
Subitamente, chega um telegrama anunciando que Frank Miller (Ian MacDonald), um bandido que Kane condenou anos atrás, esta chegando no trem do meio-dia para se vingar. Na espera, três capangas (entre eles Lee Van Cleef, que praticamente não fala) permanecem na estação.
Com a chegada do novo xerife anunciada para o outro dia, o homem da lei é aconselhado a fugir da cidade. Com o ponteiro do relógio correndo contra sua vida, Kane vê cada habitante do lugar o abandonar por vários motivos, desde a covardia até assuntos pessoais.
A tensão maior de Matar ou Morrer não é o confronto em si. A genialidade fica com a aproximação – em tempo real – das badaladas do meio-dia (que é, inclusive, o título original do longa, High Noon). O filme começa às 10h40 e vai andando, minuto a minuto, até a chegada do trem à estação.
A maior contribuição do longa foi a maneira de conduzir a técnica da montagem paralela. Além de ganhar um Oscar, a edição virou referência de como conduzir a intensidade dramática crescente.
Matar ou Morrer foi construído entre a aproximação da hora fatídica e a tentativa do protagonista de recrutar ajuda em vão, entrecortando com a espera dos homens do antagonista na estação, enfatizando o horizonte onde se perde a estrada de ferro. Um clássico.
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