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CULTURA

Clássico que arrepia a alma

Lançado há dez anos e unindo a sonoridade da sanfona com instrumentos de cordas, clássico Sivuca e Quinteto Uirapuru ganha reedição.

Publicado em 08/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 22/05/2023 às 12:42

“A música era como alimento, um caldo pra ele”, explica o músico Rucker Bezerra sobre como o mestre Sivuca (1930-2006) – no alto dos seus então 74 anos e com problemas de saúde – arranjava tanta energia para permanecer horas e horas no estúdio gravando o clássico Sivuca e Quinteto Uirapuru (Kuarup), o primeiro disco que une a sonoridade da sanfona com instrumentos de cordas, lançado há exatos dez anos.

Depois de uma década, o álbum, que não permaneceu por muito tempo em catálogo, finalmente ganha uma reedição pela mesma Kuarup.

Das 12 músicas, quatro são assinadas pelo multi-instrumentista paraibano com sua mulher, Glória Gadelha: ‘Canção piazzollada’, ‘Choro de cordel’, ‘Sanfiavá’ e a clássica ‘Feira de mangaio’.

De acordo com Rucker, que fez o 1º violino e assina a direção musical junto com a viúva de Sivuca, o trabalho surgiu em consequência do surgimento do próprio Quinteto Uirapuru, montado um ano antes, em João Pessoa.

“A nossa proposta era tocar música brasileira e nordestina, de preferência inéditas”, relembra. “Estávamos fazendo uma poupança para produzir um disco nosso e queríamos incluir ‘Homenagem à velha guarda’, de Paulo César Pinheiro e Sivuca”.

Rucker Bezerra conta que organizou um sarau na sua casa para Sivuca, que era muito amigo do seu pai. Ele queria aproveitar o momento para pedir permissão de usar a música no disco “No Calor da Emoção”. A resposta do albino? "Negativo. Gostei tanto desse som que quero fazer um trabalho junto com vocês”, foram as palavras de Sivuca para o quinteto.

Na mesma hora, segundo o violinista, Sivuca foi buscar sua sanfona e um manuscrito escrito à mão de ‘Em nome do amor’, composição inédita de Glória Gadelha, para harmonizar com o grupo, formado por Renata Simões (2º violino), Luiz Carlos Jr. (viola), Kalim Campos (violoncelo) e Hércilio Antunes (contrabaixo).

SEM CORTES

Rucker recorda que, quando o Quinteto Uirapuru chegava às 9h no estúdio em João Pessoa, Sivuca já estava “esquentando” sua sanfona uma hora antes, sempre ao lado da sua esposa.

“Sivuca era muito detalhista e muito perfeccionista”, garante, frisando que o disco foi gravado ao vivo e sem nenhum corte ou interrupção. Caso houvesse, começariam tudo de novo. “A alma de uma performance era diferente da outra, ele dizia para nós.

Tenho dois HDs cheios das gravações que ficaram de fora”.

Uma das faixas mais difíceis foi ‘Um tom para Jobim’, parceria de Sivuca com Oswaldinho do Acordeon. “É uma harmonia muito complexa e também muito transparente”.

Era incansável a disposição de Sivuca frente ao "alimento" musical em estúdio, depois de um dia todo repetindo "N" vezes as composições. “Quando a gente estava no fim da linha do cansaço, ele vinha com: ‘Agora vamos à boa!’”.

Segundo Rucker, mesmo achando que ficou perfeita a harmonia entre as cordas e a sanfona, o mestre paraibano sentenciava: “Mas não arrepiou! Não tem alma!”, e faziam tudo de novo até ficar do jeito espiritual de Sivuca.

REPERCUSSÃO FORA DO BRASIL

“O disco alavancou o grupo, que era apenas local”, garante Rucker Bezerra. “Houve muitas resenhas de fora do Brasil, principalmente porque era a primeira gravação com essa formação, com sanfona e cordas”.

De acordo com Rucker, Sivuca e Quinteto Uirapuru recebeu quatro indicações ao Prêmio da Música Brasileira, incluindo de Melhor Disco Instrumental. Ganhou na categoria Melhor Arranjo.
“A troca era fantástica”, diz o músico do quinteto paraibano. “Sivuca chegava até a marcar as escalas de cordas nas partituras dele”.

Outra virtude destacada do velho albino era sua humildade e generosidade. “Ele estava trabalhando com um grupo novo e com obras compostas por gente nova”, enfatiza.

No disco, as faixas ‘Luz’ e ‘Minha Luiza’ foram compostas pelo próprio Rucker Bezerra, enquanto ‘Chibanca no Uirapuru’ e ‘Espreguiçando’ são de autoria de Hercílio Antunes.

Imagem

Jornal da Paraíba

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